Torcedor do Flamengo é condenado a 14 anos de prisão pela morte de palmeirense

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Jonathan Messias Santos da Silva e Gabriela Anelli Foto: Reprodução

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) condenou Jonathan Messias Santos da Silva a 14 anos de prisão, nesta terça-feira, pela morte de Gabriela Anelli, torcedora do Palmeiras atingida por estilhaços de uma garrafa antes de partida do clube paulista contra o Flamengo, em julho de 2023.

A decisão foi por um júri popular de sete pessoas, com a maioria de quatro votos que reconheceu o caso como homicídio com dolo eventual – quando não há intenção de matar, mas se assume o risco.

Messias foi identificado como autor do ato que culminou na morte da jovem de 23 anos, na Rua Antônio Padre Tomás, nas redondezas do Allianz Parque, em São Paulo, e estava preso desde agosto do ano do ocorrido. Ele vai recorrer da decisão.

“Eu esperava uma pena maior, a máxima, 30 anos, porque a gente sabe que ele não vai ficar os 14 anos lá. Quem vive a prisão perpétua somos nós. A gente vai visitar nossa filha no cemitério. A família dele vai visitar ele na cadeia, e daqui a cinco seis anos ele sai. Mas está bom, foi feito um bom trabalho da promotoria”, disse Ettore Amarchiano Neto, pai de Gabriela.

A defesa do torcedor do Flamengo, que trabalhava como diretor adjunto de uma escola, admite que o réu atirou uma garrafa, mas afirma que não há como concluir que os estilhaços que atingiram a vítima vieram do objeto arremessado por ele.

O advogado José Victor Moraes de Barros Pereira chegou a anexar desenhos de alunos do colégio ao processo, com mensagens como “Você vai sair dessa” e “Lili vai cantar”.

Para a juíza Isadora Botti Beraldo Moro, ao admitir que atirou a garrafa e a viu estourar perto de torcedores palmeirenses, o réu confessou o ponto principal do crime.

A reconstituição virtual do ato, realizada por meio de softwares com scanners 3D e drones, possibilitou aos investigadores isolar o som e a imagem do momento exato em que a garrafa é atirada e que Gabriela, de 23 anos, é atingida. O sistema de reconhecimento facial do Allianz também ajudou a confirmar a identidade de Jonathan Messias. Ele chegou a trocar de camisa na confusão para entrar no estádio.

A MORTE DE GABRIELA

Gabriela Anelli, de 23 anos, morreu no dia 10 de julho, dois dias depois de ser ferida durante uma briga entre torcedores do lado de fora do Allianz Parque, no sábado, na partida do Palmeiras com o Flamengo. Ela foi atingida por estilhaços de uma garrafa no pescoço e levada em estado grave para a Santa Casa, no centro da cidade, mas não resistiu aos ferimentos. Os familiares da torcedora chegaram a fazer uma campanha na redes por doações de sangue para ajudá-la.

De acordo com informações da SSP, Gabriela foi ferida em confusão nas proximidades dos portões C e D do Allianz Parque, na rua Padre Antônio Tomas, perto da entrada de visitante. Havia uma divisão de metal separando as torcidas e os flamenguistas jogaram garrafas e pedras por cima dessa proteção.

Uma outra briga entre palmeirenses e flamenguistas, na Rua Caraíbas, foi contida com a ação da Polícia Militar, que usou bombas de efeito moral e gás de pimenta. A partida, que terminou empatada por 1 a 1, precisou ser paralisada por duas vezes porque jogadores e torcedores nas arquibancadas ficaram com os olhos irritados.

O corpo de Gabriela foi enterrado no dia 11 de julho, no cemitério Memorial Parque Paulista, em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo. Torcedores da Mancha Alvi Verde e de outras organizadas homenagearam Gabriela com bandeirões, fogos e cantorias. A pedido da família, o hino do Palmeiras foi cantado em uníssono antes de a palmeirense ser enterrada.