Na trilha do lançamento recente de seu álbum “Black & White”, Tony Gordon canta músicas autorais e grandes sucessos da noite acompanhado pela banda formada por Will Gordon (baixo), André Freitas (piano), Erik Escobar (piano) e Miguel Assis (bateria). Esse show único acontece na próxima quinta-feira, dia 24, no Blue Note, em São Paulo.

Tony Gordon ficou conhecido nacionalmente como vencedor do programa “The Voice”, em 2019. Logo o encaixaram no rótulo de cantor de jazz, mas no restante do texto provarei que ele é na verdade um cantor da noite. E se restar alguma dúvida, você pode tirá-la escutando seu primeiro trabalho autoral em mais de 30 anos de carreira, “Black and White”, que está disponível em todas as plataformas digitais.

Para começar, Tony é filho simplesmente de Denise Duran (irmã de Dolores) e Dave Gordon. Dois (ou três) dos mais importantes cantores da noite na história da música brasileira. Não apenas cresceu ouvindo os pais cantarem como optou por não seguir nenhum atalho caseiro, fez exército e arrumou trabalho em oficina mecânica até que a irmã, Izzy (também cantora), o arrancou de lá com ultimato: “Ou você canta ou te mato”.

Escutou qual caçula que é e estreou na noite em 1985, na inauguração da boate “One More Time”. Foi o teste de fogo de Tony, já que na plateia estavam Bobby McFerrin, Sonia Braga e Cauby Peixoto. O último esperou-o descer do palco e decretou que dali em diante seria seu padrinho musical.

Foram 34 anos cantando na noite até chegar ao “The Voice”. Uma escola que incluiu por vezes seis ou sete apresentações no mesmo turno noturno, cada qual com um conjunto diferente. “Não tinha ensaio, passagem de som, nada. As casas tinham seus próprios trios ou quartetos, que pegavam repertório e o cantor se desdobrava com tonalidades, compassos diferentes e característicos. Isso me trouxe uma bagagem que nada mais traria”, diz Tony.

E é justamente essa bagagem, versatilidade e assinatura familiar que está depositada em “Black and White”. O disco foi composto em parceria com o filho, Will, e produzido por este. “Ele é um gênio. Nós fomos e gravamos em diferentes estúdios para extrair o máximo da sonoridade que cada música pedia.”

Portanto, “Black and White” é um trabalho que pede atenção redobrada e audições múltiplas, dada a riqueza depositada em cada uma das oito canções. “Mesmo eu que compus, gravei, já ouvi umas 300 vezes e não há uma em que não percebo algo novo”, diz.

Tony canta no disco com a naturalidade de quem está se apresentando em casa noturna. Foi assim também que venceu o “The Voice” e é assim que projeta os próximos trabalhos, já que pegou gosto pela coisa.

“´Black and White’ ficou exatamente do jeito que queria, com a minha cara. O projeto todo é lindo. Que venham outros”, promete.