Pelo menos até o fim da primeira semana, apesar de problemas com filas, transporte e alimentação, além de alguns assaltos e piscinas com misteriosa água verde, a Olimpíada no Rio de Janeiro estava transcorrendo muito melhor do que os pessimistas temiam. A alegria e simpatia dos cariocas cativaram a maioria dos estrangeiros. Isso não significa que algumas espertezas brasileiras não tenham causado situações embaraçosas ou desconfortáveis.

Um bom exemplo é a venda de adaptadores para nossas tomadas de três pinos. No mercadinho da Vila Olímpica só eram encontrados em pacotes de dez unidades por R$ 200,00 cada. Além de precisar comprar algo que só serve no Brasil, os atletas não tinham a opção de comprar um único adaptador e ainda eram forçados a pagar o dobro do preço usual. E por que temos a tomada de três pinos no Brasil? Pasmem, mas a corrupção e a farra com o dinheiro público têm muito mais a ver com ela do que você imagina.

O custo do dinheiro no País (a taxa de juros) é muito elevado, penalizando severamente empresas e consumidores. Salvo durante crises de confiança, juros elevadíssimos atraem muitos capitais estrangeiros, tornando a moeda americana no Brasil mais barata do que deveria ser. Isso barateia produtos importados, o que dificulta a vida do produtor nacional. Altos impostos, juros elevados e uma taxa de câmbio excessivamente apreciada – causados, entre outros fatores, por gastos públicos excessivos – tornaram a indústria brasileira pouco competitiva. Ao invés de lidar com as causas da baixa competitividade – o excesso de gastos públicos, a burocracia, a má qualificação da mão de obra, a falta de infraestrutura adequada e o baixo grau de automação –, o governo Lula tentou proteger nossa indústria artificialmente, aumentando tarifas de importação e, ideia genial, criando a tomada de três pinos. Imaginaram eles que eletrodomésticos e eletroeletrônicos comprados no exterior ficariam mais caros ou não funcionariam no Brasil. Só não pensaram que rapidamente os chineses inventariam os adaptadores, inundando nossas lojinhas e supermercados com tal quebra-galho.

Pelo menos a nossa indústria saiu fortalecida, certo? Errado. Seis anos depois, a nossa indústria encolheu e, com frequência, o produto nacional tem pior qualidade e é mais caro do que o do exterior.