De acordo com o jornal israelense Haaretz já existe um software capaz de acessar imagens de câmeras de vigilância e alterá-las online. Mais: alterar vídeos do passado, armazenados na memória digital, e mesclá-los com as imagens mexidas. Assim, “realidades” já poderiam ser recriadas ao gosto do freguês, em tempo real. E já estariam em mãos de governos ocidentais, adquirida a tecnologia desenvolvida pela “Toka“, start-up fundada pelo ex-primeiro-ministro Ehud Barak e pela divisão cibernética do exército Yaron Rosen. Além de inédito no mundo, o software também não deixaria rastros no cyberespaço.
Assim, além de se poder vasculhar edifícios governamentais, hotéis e mesmo casas, dentro de uma área escolhida, o invasor poderia ir modificando as cenas para quem estivesse vigiando as câmeras. E o acesso a imagens já armazenadas permite que se apaguem as indesejáveis – áudio e vídeo – ou também alterá-las.
No site oficial, a Toka garante que somente dá acesso desse tipo de produto a Forças Armadas, organizações nacionais de segurança e inteligência e órgãos que aplicam leis, dos “EUA e aliados mais próximos”, mas marca em um mapa Itália, Espanha, Portugal, França, Reino Unido, Grécia, Canadá dizendo que regularmente revê essa lista, recorrendo a avaliações sobre vários quesitos, incluindo Estado de Direito, direitos civis e corrupção e que cumpre regulamentações do Departamento do Tesouro dos EUA e da Agência de Controle de Exportação de Defesa de Israel. O jornal israelense ainda relaciona como clientes, além de Israel, Alemanha, Austrália e Cingapura.
Em abril deste ano foi revelado que várias autoridades pelo mundo eram espionados pela software Pegasus – começando por chefes do movimento separatista catalão. O alerta sobre a empresa NSO foi geral: o mercado de segurança poderia estar controlando até os governos que compraram o programa. Esse spyware consegue passar por barreiras de defesa de smartphones para roubar fotos, vídeos, senhas, rotas, registros e postagens em redes sociais, além de conseguir ativar câmera e microfone do celular invadido. Outro software, também de Israel, mas do qual ainda se têm poucas informações é chamado de Predator.