Por Flavia Marreiro

SÃO PAULO (Reuters) – O ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli descartou nesta sexta-feira a possibilidade de um golpe de Estado no Brasil com apoio das Forças Armadas, porque julga que os militares avaliam os prejuízos que esse movimento traria para a própria caserna.

Toffoli disse responder à pergunta “vai ter golpe?” feita por jornalistas estrangeiros antes de sua fala em um evento em São Paulo. Os questionamentos surgem na esteira dos seguidos ataques, sem provas, do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral, com endosso de parte da cúpula militar.

“Não vai ter golpe. As nossas Forças Armadas são instituições que sabem muito bem o preço que elas pagaram quando ficaram no poder por muito tempo”, disse o ministro, que evita chamar a ruptura democrática de 1984 a 1985 como fruto de um golpe de Estado.

Durante seminário sobre o equilíbrio entre os Poderes promovido pelo think tank empresarial Esfera Brasil na capital paulista, Toffoli ponderou ainda que não basta o repúdio a movimentos antidemocráticos.

“Para além… de nós refutarmos aqueles movimentos que são antidemocráticos, nós temos que compreender porque um segmento tem críticas às instituições”, disse.

Toffoli fez também uma enfática defesa das urnas eletrônicas, afirmando que elas são seguras e que é uma “perda de tempo” a discussão em torno delas. O ministro do Supremo falou ao lado dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

Pacheco acompanhou a defesa da segurança das urnas eletrônicas, assim como Lira e Nogueira, e todos disseram avaliar que o eleito pelo voto nas urnas eletrônicas será empossado.

No entanto, o ministro de Bolsonaro e Lira, que também é um aliado-chave do presidente, tentaram não melindrar o chefe do Executivo ao fazer ponderações e cobranças às urnas e ao processo eleitoral. Nogueira disse que a urnas podem não ser “invioláveis para sempre”. Já Lira afirmou que “transparência nunca é demais”.

Apesar de as urnas eletrônicas nunca terem sido alvo de fraudes desde sua implementação, há 26 anos, Bolsonaro tentou, sem sucesso, aprovar o acréscimo de um voto impresso e pede mais medidas de auditoria do sistema por considerar as atuais insuficientes.

No evento, Lira, que lidera o Centrão, projetou que a eleição para o Legislativo deve resultar na manutenção de uma maioria de centro-direita no Congresso, com avanço de propostas de cunho liberal na economia, e citou a reforma administrativa.

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