Todos querem Guilhermina

Todos querem Guilhermina

POR Júlia Leão fotOS Pedro Dias/Ag. Istoé Ok, pode-se achar um certo exagero começar esta reportagem de capa com essa louvação a Guilhermina Guinle. Linda, culta, talentosa… coisa de fã de carteirinha e tudo. Será? Pois bem, aproxime a lupa e enxergue esta carioca como ela é. Vamos aos fatos. Bem-nascida, neta de Eduardo Guinle, o fundador do Hotel Copacabana Palace, e filha da decoradora Rosa May Sampaio, Guilhermina teve a sorte de enxergar o mundo da área vip. E educação familiar suficiente para saber que apenas isso não a faria um ser humano melhor. Tampouco elegante ou sofisticada. Era preciso inteligência para saber usar todo aquele universo que a circundava a seu favor. Ao vê-la chegar para esta entrevista, em um restaurante com varandas arborizadas no Itaim, em São Paulo, nota-se que ela conseguiu. Sua figura fresh, o humor refinado, os gestos suaves, a conversa afiada e o tom de voz baixo refletem o seu sucesso pessoal. Guilhermina está vibrante nestes dias. Ela tem conseguido repetir mais uma boa performance na tevê, com sua esposa ciumenta Manoela em Guerra dos Sexos, folhetim das 19h da Globo. Há um ano, ela ?escandalizava? a audiência com seu papel em O Astro (2011). Uma atuação ousada, com cenas de sexo, nudez em rede nacional ? evidenciando seu corpo irretocável ? e fazendo muita gente se perguntar onde esteve escondida ?aquela? Guilhermina, cheia de atitude, nos últimos 16 anos de uma carreira linear, sem baixos, nem altos. Fora do trabalho e diante do espelho, uma mulher de 38 anos dona de uma silhueta perfeita, esculpida a vida toda com aulas de natação, tênis, balé e pilates, que a conquistou faz seis anos. As fotos deste ensaio especial de capa, só de lingerie, na casa de sua mãe, em São Paulo, podem comprovar: ela é assim, ao natural. Não que ela tenha algo contra, mas a atriz não tem próteses, enxertos, nada. E é assim, de suspirar… Como se não bastasse, Guilhermina foi criada entre homens ? pai e três irmãos ? o que lhe rendeu um faro apurado para entender a alma masculina. ?Realmente essa coisa de ciúme é chata?, concorda. Não que tenha vivido algo do gênero em seu currículo amoroso. Guilhermina, segundo a própria, só namorou ou casou com homens bacanas. E ela até brinca com o ex Murilo Benício: ?Ele é o Tufão da vida real?, disse, sobre o jeito caseiro e família do personagem feito pelo ator na novela Avenida Brasil. Ah, e ainda tem o príncipe. Quem? O príncipe Leonardo Antonelli ? que ela chama de ?Love? ?, irmão da atriz Giovanna Antonelli, advogado tributarista dos bons no Rio e que é chegado a superproduções românticas. Exemplo: organizar um jantar à luz de velas para ela em um barco, navegando pelas águas do rio Nilo, no Egito, no Réveillon de 2012. ?Apareceu um príncipe na minha vida?, festeja. E então? Vai entrar para o fã clube de Guilhermina Guinle ou não? À seguir, a entrevista com a musa mais desejada do show biz. Gente aposta nisso. Como está sendo atuar no remake de Guerra dos Sexos? Guilhermina. O Silvio de Abreu disse que não era para pensarmos na novela como um remake, pois há 30 anos a vida era muito diferente. Hoje muito do que se passa na trama já não é atual. Eu estou adorando fazer, principalmente porque é a mesma equipe com quem trabalhei em Ti-ti-ti (2011). Então, é um remake de nossas vidas (risos). Acha essa discussão proposta na versão original ainda válida? Acho que é sempre uma discussão valida. mas talvez há 30 anos tivesse mais sentido pela enorme diferença entre homens e mulheres. Hoje elas competem de igual para igual e estão em cargos poderosos que antes não imaginavam com a a Dilma, nossa presidenta, a Graça Foster, Angela Merkel… E sua personagem, a Manoela? ? Estou adorando fazer a Manoela por ser uma personagem bem distante da Guilhermina da vida real. O interessante nessa profissão é tentar sair do óbvio, de sempre fazer os mesmos personagens, o que é muito comum quando vão escalar um ator. Estou numa novela das sete, cômica, leve, mas fazendo um contraponto do drama, o que é muito interessante. E o ciume é a verdadeira guerra entre homens e mulheres, não é? Todos querem Guilhermina ? Mas ela é muito ciumenta! Você é também? ? Não, nada ciumenta. Acho que sou mais possessiva do que ciumenta. Pelas experiências da minha vida, vejo que o ciúme é gerado pela insegurança, cas vezes uma doença da imaginação das pessoas. Eu não sou assim. Tive sorte de só ter relacionamentos com pessoas bacanas, muito apaixonadas, que estavam realmente envolvidas. Por isso não cabia ali a insegurança, nem o ciúme. ? Nunca passou por saia justa por conta disso? ? Não, nem mesmo quando eu era jovem. Mas convivi com amigas muito ciumentas. Eu fui criada praticamente por homens ? pai, padrasto e três irmãos (Raphael, Charly e Pedro Braun). Acho que de tanto ouvir eles falarem mal de certas atitudes femininas e conviver com esse mundo masculino, sou uma mulher muito racional. Esse papo racional de homem, ajudou muito no meu amadurecimento.Vejo que esse lado considerado ?chato? da mulher é realmente chato. Homem é muito mais tranquilo. Até porque se o homem quer fazer algo, vai fazer, você sendo ciumenta ou não. Então, nunca entrei em uma relação neurótica. ? Você tem uma imagem pública de mulher sofisticada. Seus papéis na tevê refletem isso. Você se considera assim? ? De um tempo para cá comecei a entender e pensar o que é ser elegante. Antes eu achava estranho as pessoas me chamarem de elegante, porque ando na rua superesculhambada. Mas fui entender que a elegância é muito mais do que se vestir bem. É a postura, o jeito de falar ? baixo ?, olhar, agir. Não importa a roupa que estou vestindo. Acho que preciso melhorar em alguns itens de ser uma mulher sofisticada. Mas esse é meu jeito de ser, calma. Devo muito a minha mãe e a educação que nos deu. Rígida, mas pontual. ? Aos 38 anos, você é uma das mulheres mais bonitas do País ? inclusive esteve novamente na lista das personalidade mais sexy de Gente este ano. Qual o segredo de se manter de bem com o espelho por tanto tempo? ? Acho que em primeiro lugar temos que gostar de nós mesmas. O que me incomoda hoje é essa busca de beleza de algo que você não é. Sempre vou achar que posso melhorar dentro do que tenho, mas não tenho esse desejo da busca pela beleza perfeita. A beleza para mim é muito mais o conjunto. Sou exigente no sentido de que o lindo é o todo, não adianta ser só fisicamente linda e ser uma pessoa péssima. ? E como cuida do seu corpo? ? Fiz balé, jazz, sapateado a vida toda. Além de natação e tênis. Há seis anos faço pilates. Acho que meu corpo ficou com esse DNA da força do esporte, mas o que realmente importa não é ficar com a barriguinha tanquinho, mas a saúde em dia. Tento ao máximo cuidar do meu corpo, sem obsessão. Claro que quero me manter bem para estar confortável ao colocar biquíni ou uma roupa justa. Tenho uma consciência corporal muito grande de querer me cuidar. ? Você é adepta da cirurgia plástica? ? Apesar de minha família toda ser bem natural, não tenho nada contra. Acho que se um dia tiver que fazer, por que não? O que acho bom é usar a tecnologia que existe hoje em dia a nosso favor. Assim você se mantém na sua idade, com cuidados mas sem querer parecer que tem 20 anos a menos. Eu faço um super-laser por ano, não tomo mais sol, pesquiso novidades, compro todas e tenho meus dermetologistas maravilhosos em São Paulo. Brinco que sou dermatologista nas horas vagas (risos). ? Por trabalhar em tevê, sente uma certa pressão em se manter bonita? ? Acho que, enquanto sou jovem, não. Mas, talvez, quando eu for mais velha, sim. Até porque, falando a verdade, quem gosta de envelhecer? Temos que tentar entender que é bom em alguns aspectos, mas adoraríamos ficar com nosso corpo de 20 anos. ? Você costuma lançar moda com seus cortes de cabelo. Como começou isso? ? Cortei bem curtinho para fazer A Lua Me Disse (2005) ? do Miguel Falabella ? e sempre estou mudando. Já tive cabelo comprido a vida inteira, mas ha muitos anos que eu o mantenho curto. Sou o sonho de consumo dos cabeleireiros. Essa foi a primeira vez que cortei o cabelo ? tenho um chumaço até hoje! ? e depois disso minha vida mudou completamente. Profissional e emocionalmente deu uma guinada. Parecia que eu me sentia mais confiante e muitos trabalhos surgiram. Tirei um peso e um estereótipo. ? Você posaria nua? ? Não consigo me ver fazendo poses exageradas, no sentido de me expor dessa maneira. Mas não tenho nada contra. Um nu artístico, sexy sem apelar, é muito bonito ? E a ideia de casar? Continua mantendo a distância? ? Não tenho esse sonho de casar na igreja, mas acho lindo. Se para o homem que eu tivesse namorando fosse importante, eu casaria de véu e grinalda! (risos) Hoje em dia, depois de uma certa idade, as pessoas já namoram e moram juntas. Acordo e durmo junto todo dia, então posso dizer que já é um casamento. O dia a dia e os valores de uma relação é o que faz o ?casamento?. Mas acho que pode ser legal casar com festa, como uma celebração do amor. Mas faria uma coisa na praia, tipo o casamento da minha mãe em Búzios, em 1969. Faria algo simples, entre amigos, bem natural. No Copacabana Palace, bem tradicional, em lugar fechado, com buffet e ar-condicionado, jamais. Prefiro gastar esse dinheiro viajando. ? Seu ex, o ator Murilo Benício, assumiu o namoro com Débora Falabella, parceira de elenco em Avenida Brasil. Ela não é a primeira colega de trabalho com quem ele se envolve. O que acontece? ? O Murilo é muito caseiro,tranquilo e reservado. Nesse sentido ele é meio Tufão mesmo. Ele não sai muito de casa, não vai para boate ou barzinho. Quando viaja é só com a família. Por isso que ele acaba namorando as pessoas do meio. Se ele tivesse outro estilo de vida, talvez namorasse outras pessoas. Mas acho normal que isso aconteça, em todos os círculos profissionais. ? Fazer par romântico em uma novela facilita o envolvimento? ? Acho que essa questão de atores se envolverem com atores é aquela história de que os relacionamentos surgem a maior parte das vezes nos lugares de trabalho. Então, estamos mais suscetíveis, mas não necessariamente com algum par romântico na trama. ? Como conheceu o Leonardo? ? São essas coisas da vida. Ele é irmão da Giovanna, mas não tínhamos nenhum convivência. Raramente o via. ?A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.? como disse Vinicius de Moraes. Talvez eu nunca cruzasse com ele porque as nossas vidas são completamente distintas. ? É mais fácil namorar alguém não famoso? ? Não é mais facil, nem mais dificil apenas como é a primeira vez que namoro alguém de uma area totalmente diferente da minha, tenho que ficar mais atenta a uma exposição exessiva, pois são mundos diferentes, e eu respeito demais isso. ? Quando você sentiu que estava apaixonada? ? Passei a acreditar numa energia forte entre pessoas. Que nada nessa vida acontece por acaso. Que a vida vai te levando a lugares que nunca iríamos e a conhecer pessoas que talvez nunca conhecêssemos. Temos tantas afinidades e foi tão natural que, quando vi, estava apaixonada.O que para muitos é ruim, e gera desgaste, para mim é muito prazeroso e provoca a cumplicidade do casal, que é a convivência. Ele é um homem com tantas qualidades que não podia ser diferente. ? O que é mais interessante nele? ? Tudo nele é interessante. Gosto da cabeça dele, de ter pessoas que me agreguem intelectualmente. Ele é inteligente, brilhante. É leve, de bem com a vida. Dizem que é porque ele é libriano… Ele é uma pessoa feliz, alegre. Apareceu um príncipe na minha vida. ? E o que você tem que o conquistou? ? Acho que o meu jeito de ser carinhosa. Ele fala que eu sou muito amorosa, amiga. Ele diz que eu resgatei uma coisa de carinho que ele nem sabia que existia. Acho que eu tenho esse lado maternal, de cuidar, de leoa mesmo ? que é meu signo. ? Em um ano de namoro, qual foi o momento mais marcante do casal? ? Acho que fizemos um ano que valeu por dez. Não paramos de viajar. Uma das primeiras viagens que fizemos foi para o Egito para passar o Natal e Ano-Novo deste ano. Dissemos que seria a prova dos nove, já que esse roteiro que fizemos não era para namorar. Foi paulera, dinâmico. E deu certo! Abrimos um mapa na mesa e escolhemos os lugares que ainda nenhum de nós tinha visitado, já que amamos viajar. Ele fez tudo: escolheu hotel, os melhores passeios. Foi muito bom. ? Mas teve ?o? momento mais romântico na viagem? ? Sim! Ele fez uma surpresa para mim. Estávamos num barco superchique no Rio Nilo, passando o Ano-Novo. Ele combinou com o chef de fazer um jantar especial só para nós. Ele fechou o último andar inteiro do barco e preparou uma noite à luz de velas. Foi lindo! ? Pensa em ter filhos? ? Nunca pensei em não ter filhos. Quero ter, acho que a experiência deve ser incrível, mas racionalmente nunca consegui parar para pensar nisso. Acho que o tempo é relativo. Entre os 20 e 30 anos descobri que a vida era muito boa para mim. Sou sortuda, abençoada. Tenho uma família maravilhosa, pude viajar muito, morei fora. Entrei num processo de que ser só eu é muito bom. E filho você tem que abrir mão de muita coisa. Gosto dessa liberdade de ir e vir, estar aberta para qualquer trabalho. Mas é um estar sozinha com alguém, porque sempre estou com alguém. É uma questão de liberdade dentro das minhas relações. Tenho meus desejos, minhas vontades. E como tive filhos de maridos (ela foi casada com o cantor Fábio Jr. e o ator José Wilker, além de Murilo, todos pais) a vida inteira, acho que essa ansiedade sempre foi suprida. ? Como definiria o seu momento atual? ? Acho que hoje estou no melhor momento da minha vida. Como pessoa, sim (risos). Tenho uma noção muito grande da minha cabeça, pois faço análise há quase dez anos. Acho que minha personalidade, de ser curiosa, de se jogar, de querer ter papos com gente mais velha abriu minha cabeça desde pequena. Então, sou atenta às mudanças que me fazem melhor. Acho que ficamos melhor com o tempo. Tipo o ditado: panela velha é que faz comida boa. Siga Gente no Twitter!