‘Todos os dias me pergunto por quê’: para Laura Pausini, a fama é um mistério

Para Laura Pausini, que na sua infância em um pequeno povoado na Itália sonhava em ser uma cantora de piano bar, seu sucesso e presença internacional ainda a intrigam.

“Quando se vive uma vida como a minha, nascida em um pequeno povoado na Itália (…), eu pensava em ser uma cantora em um piano bar. E já era muito complicado fazer isso, porque nos anos 1990 na minha terra só os homens cantavam. Então era quase impossível”, disse a cantora em uma entrevista com a AFP.

“Então não tenho ideia. Todos os dias me pergunto por quê”, acrescentou.

A cantora reflete que ao longo de sua trajetória abraçou seus instintos e evitou propostas que não ressonavam com ela. “E creio que se tem uma explicação, seria essa”.

Pausini fez seu nome na cena musical graças às suas poderosas entonações que a posicionaram em sua Itália natal, assim como no mercado hispânico, e permanece relevante há mais de três décadas.

Depois de sua última turnê, a italiana pensou que 2025 seria um ano calmo.

No entanto, inquieta por natureza, ela voltou ao estúdio para produzir não um, mas dois álbuns que encapsulam uma viagem nostálgica pelas suas raízes musicais e que a levarão a uma ambiciosa turnê mundial.

“Seria um ano de descanso e é um dos anos que mais irei lembrar em toda a minha vida”, disse a cantora, que receberá na quinta-feira (23) o Billboard Icon Award (Prêmio Billboard Ícone) por sua carreira.

Pausini, com mais de uma dezena de álbuns nas costas e milhões de cópias vendidas, decidiu este ano homenagear os cantores e compositores que a influenciaram em espanhol e italiano, com o álbum duplo ‘Yo Canto 2/Io Canto 2’ que compila versões em ambos os idiomas.

A produção é a sequência de ‘Yo Canto/Io Canto’, lançado em 2006, um álbum único que trazia versões de clássicos do pop italiano.

“Em questão emocional, é um dos álbuns mais importantes, porque ainda que eu não tenha escrito as canções, cantadas por outros, eu encontrei a mim mesma”, disse Pausini, de 51 anos.

O primeiro single do álbum é ‘Mi storia tra le dita’, a balada de sucesso sobre o despeito que internacionalizou Gianluca Grignani nos anos 1990 e que Pausini cantou durante anos em sessões de karaokê.

“Tem uma letra maravilhosa, [é] uma música que amo muitíssimo cantar, desde sempre”, disse a cantora.

A música, lançada em espanhol, italiano, português e francês no mês passado, serve como ponte entre ambos os álbuns, que terão todas as versões.

Pausini, ainda em gravações, não revelou a seleção final, mas adiantou que existem peças da Espanha e América Latina, e que vão desde 1970 a 2025, com uma versão de ‘Turista’ do cantor porto-riquenho de reggaeton Bad Bunny, lançada no início deste ano.

Com “material para uma saga”, a cantora não descartou um terceiro projeto de versões no futuro.

Mas antes disso, assim que lançar o álbum duplo no ano que vem, Pausini sairá em uma turnê que se estenderá até 2027, durante a qual fará seu primeiro show em estádio no Brasil.

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