Na noite do último sábado (25), os fãs brasileiros do rapper canadense Drake se dividiam em dois grupos. Os representantes de uma grande maioria estavam em São Paulo, em suas casas ou quartos de hotel, provavelmente escolhendo a roupa que usariam no dia seguinte no autódromo de Interlagos no show do astro, principal nome do terceiro dia do Lollapalooza 2023. Mas fãs mais espertos e conectados de Drake estavam na internet, soltando fogo pelas ventas, assistindo a vídeos gravados minutos antes num clube de strip-tease de Miami, onde o cantor assistia a um show de amigo 50 Cent.

Horas antes, também no sábado, seguidores de Drake já divulgavam, alarmados e/ou intrigados, que o jato do cantor tinha deixado a Colômbia em direção aos Estados Unidos, e não para o Brasil. A manobra aérea era sem dúvida estranha, mas, teoricamente, nada impediria que Drake pegasse novamente seu jatinho do domingo cedo e aterrissasse horas depois no Brasil para o Lolla. Mas ver o rapper virando algumas garrafas no clube de Miami na madrugada foi uma imagem que praticamente sepultou ali as chances de um show em São Paulo. Na manhã seguinte, a desculpa do cancelamento era a de que Drake estava sem alguns membros de sua produção, o que impediria o show paulistano. Poucas horas depois, começaram os boatos de que ele havia desistido por não gostar das reações do público brasileiro, por ter perdido o entusiasmo pelo show e coisas piores.

Bom, gosto musical não se discute. Profissionalismo, sim, e Drake pisou na bola. É um constante garoto problema no showbizz, cancelando shows em cima da hora ou simplesmente ficando no palco por pouco mais de 20 minutos quando o público espera uma apresentação de uma hora e meia. O que espanta é Drake imaginar que qualquer desculpa dada ao Lolla livraria sua cara diante da plateia. “Não dispor de parte de sua equipe de produção”, sem explicar o motivo, foi a primeira justificativa. Segundo os fãs, a diminuta equipe que viaja com Drake e participou dos outros shows que ele cumpriu na América Latina (diminuta porque o cantor recorre a playback em suas performances, sem músicos de verdade) estava inteira no avião que o levou de Bogotá a Miami.

A permanência de Drake na plateia no show de 50 Cent foi longa e detalhadamente registrada por celulares de fãs do canadense ali no clube de strip-tease da Flórida. As imagens percorreram durante todo o domingo o autódromo de Interlagos, mais rápidas do que as Ferraris e Mercedes costumam contornar as curvas do circuito em dia de Fórmula 1. Não à toa, praticamente em cada intervalo entre as músicas de todos os shows o coro de “Drake, vai tomar no c…” era repetido com vigor pelos compradores dos ingressos nada baratos do Lolla.

O antipático rapper canadense foi julgado com a velocidade da rede social e caiu condenado diante de parte de seus seguidores, principalmente aqueles que reuniram muitos reais para pagar o que acabou não passando de uma espera infrutífera. Não foi necessária muita investigação, fatos e provas de sua soberba estavam à disposição de qualquer um nas redes. Decepcionante no show medíocre no Rock in Rio de 2019 e um fiasco completo no Lolla 2023, Drake talvez aprenda que o cancelamento, mesmo ao sul do Equador, pode machucar sua conta bancária.