Quando foi levado ao Egito pelo arqueólogo Howard Carter para registrar o descobrimento da tumba de Tutancâmon, o fotógrafo Harry Burton ficou tão impressionado com o que via que saiu clicando. Burton, que trabalhava para o museu Metropolitan de Nova York, percebeu logo de cara a grandiosidade da descoberta de Carter e produziu quase 14 mil fotos no período entre 1922 e 1940. Todos os ângulos de cada objeto foram registrados com tanta nitidez e foco que chamaram atenção pelo trabalho primoroso, guardado a sete chaves pelo Instituto Griffith, na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Mas em 2015 essas fotos começaram a passar por uma renovação. Os negativos foram tratados e 30 das mais emblemáticas imagens do sarcófago foram escolhidas para passar por um sofisticado processo para incluir cores às imagens. Através da tecnologia digital, a empresa Dynamichrome ficou responsável pelo trabalho e utilizou ferramentas digitais tanto para restaurar danos nos negativos originais como para colocar, em seguida, as camadas diferentes de cores nas fotos.

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PARCERIA Com ferramentas digitais, fotos restauradas mostram a imagem que o fotógrafo viu através de sua lente (Crédito:Divulgação)

Segundo a artista e dona da empresa, Jordan Lloyd, as cores foram colocadas camada por camada para obter efeito mais realista possível às imagens do início do século passado. Algumas delas podem ter mais de mil camadas separadas de cores para garantir cada detalhe de uma imagem. Ao longo da história, vários artesãos se dedicaram a colorir manualmente fotos, porém, o resultado acabava parecendo mais uma pintura, não dando à fotografia em preto e branco um aspecto realista. Já o sistema digital é o contrário, explica a empresa. Ao utilizar ferramentas que conseguem restaurar os danos acumulados com o tempo e depois enxertar dezenas ou até milhares de camadas individuais de cores na foto, ela deixa o trabalho como se fosse o mesmo que o fotógrafo viu através de sua lente. No caso da tumba de Tutancâmon foram coloridas trinta fotografias deste grande evento da arqueologia e as fotos puderam ser vistas na exposição “A descoberta do rei Tut”, em 2015. Na época da descoberta, o arqueólogo declarou que ao ver os detalhes de estátuas e objetos ficou maravilhado. E Burton conseguiu captar toda a magia da descoberta. Unindo as fotos às anotações de Carter, a Dynamichrom conseguiu delinear o trabalho e escolher as cores que dariam maior fidedignidade às imagens.

Curiosidades

Toda a história de Tutancâmon, que nasceu no ano de 1321 a.C., é envolvida em uma aura mística. Coroado com nove anos, ficou conhecido no Egito Antigo como o faraó menino e há várias teorias sobre sua morte precoce. Há informações de que tinha dentes proeminentes, quadris largos e pé esquerdo torto, o que foi confirmado por tomografias e análises genéticas. Outra teoria diz respeito a possibilidade dele ter sido fruto de incesto entre o faraó Aquenáton e uma de suas irmãs, já que, na época, relações sexuais entre familiares eram comuns na realeza, o que explicaria alguns defeitos congênitos. Por anos, acreditou-se também que o rei Tut havia morrido aos 19 anos com uma pancada na cabeça, possivelmente causada por rivais. Mais tarde, especialistas determinaram que o estrago no crânio foi feito após sua morte, talvez no processo de embalsamento ou manipulações. Mas, em 2005, outro estudo identificou que ele havia quebrado a perna e desenvolvido uma infecção antes de morrer. Há ainda a teoria de que a adaga achada na tumba seria feita de um material encontrado em meteoritos. Ou seja, teria literalmente vindo do espaço. Mas o mais impressionante, além da máscara mortuária em ouro, são suas sandálias que teriam imagens de inimigos nas solas, para que pudesse “passar por cima” de todos. Tudo isso foi minuciosamente registrado pelos cliques de Burton.

Os mistérios do faraó menino

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• Acreditava-se que o faraó morreu com uma pancada na cabeça quando tinha 19 anos. Mas pesquisas posteriores mostraram que a lesão no crânio foi feita no processo de embalsamento

• As sandálias de Tutancâmon foram encontradas na tumba. Nas solas haviam imagens dos inimigos do faraó, para que ele pudesse “passar por cima de todos”

• Uma das adagas encontradas no túmulo do faraó contém material extraterrestre, obtido provavelmente em um meteorito

• Entre os objetos encontrados no túmulo de Tutancâmon havia uma coleção de instrumentos musicais, como badalos de marfim, chocalhos e duas trombetas

• Tutancâmon foi sepultado no caixão triplo. O mais interno media 1,88 metros de comprimento, pesava 110 kg e era totalmente feito com grossas folhas de ouro


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