Um tratado de livre comércio (TLC) com o Mercosul é uma “prioridade” para a Europa, afirmou nesta terça-feira (23) o negociador-chefe da União Europeia (UE) para esse acordo com o bloco sul-americano, Rupert Schlegelmilch, que espera selá-lo “o mais rápido possível”.

“Além das circunstâncias, esse acordo tem sido mantido como uma prioridade para nós. É uma prioridade absoluta”, disse Schlegelmilch ao iniciar no Uruguai uma viagem pelos países do bloco.

O TLC, que busca eliminar a maioria das tarifas entre as duas zonas para criar um espaço comercial com mais de 700 milhões de consumidores e equivalente a um quarto do PIB mundial, está em discussão há 25 anos.

“Estamos correndo uma maratona e estamos nos últimos 100 metros. Mas é uma corrida de obstáculos e, para terminá-la, é necessário um grande esforço final”, declarou Schlegelmilch no III Encontro Empresarial Europeu no Uruguai.

“Esta viagem é um esforço nesse sentido”, acrescentou o diplomata, que além de Montevidéu visitará Assunção, Buenos Aires, São Paulo e Brasília.

Os 27 países da UE e os países fundadores do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) fecharam em 2019 um acordo político com vistas a um TLC após duas décadas de complexas negociações.

Mas o tratado – apoiado pelo setor industrial alemão e especialmente resistido pelos agricultores franceses, que temem a concorrência desleal – ainda está pendente, em meio a discordâncias concentradas na proteção da Amazônia brasileira.

“Estamos discutindo com os países do Mercosul os compromissos sobre o desmatamento. Esse é um assunto muito sensível na Europa”, disse Schlegelmilch aos jornalistas.

Durante uma visita ao Brasil no fim de março, o presidente francês, Emmanuel Macron, classificou o acordo em discussão como “muito ruim” e propôs fazer “um novo”.

Schlegelmilch afirmou que as conversas com o Brasil “avançaram, mas não foram concluídas”, agradeceu a postura pragmática do Uruguai nas negociações e disse que a Argentina, sob o governo de Javier Milei, é um parceiro “construtivo”.

Questionado sobre quando espera fechar o TLC, ele disse “o mais rápido possível” e se arriscou a estimar “em junho, julho”.

“A Europa gostaria de estabelecer uma visão estratégica de suas relações com o mundo, e nessa visão”, um TLC com o Mercosul “é um acordo comercial, mas também político muito, muito importante”, destacou.

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