Jovens talentos brasileiros têm acumulado bons resultados em competições de base e já despontam como fortes candidatos ao pódio nos Jogos de Tóquio, em 2020. É uma geração de atletas que está no radar do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e deverá ser acompanhada ainda mais de perto pelos torcedores neste ciclo olímpico após conquistas de peso no cenário esportivo internacional.

Nos Jogos do Rio-2016, por exemplo, 20 atletas com potencial para representar o País em Tóquio participaram do Projeto Vivência Olímpica, cujo objetivo do COB foi estimular e transmitir experiência de competição a esses garotos. O mesmo já havia sido feito pela entidade quatro anos antes, nos Jogos Olímpicos de Londres, com outros 16 jovens atletas.

O objetivo é melhorar os resultados alcançados no último ciclo olímpico. Na lista de atletas convidados pelo COB para viajar para a Inglaterra em 2012 estavam nomes como Thiago Braz (atletismo), Isaquias Queiroz (canoagem velocidade), Felipe Wu (tiro esportivo) e Martine Grael (vela), que quatro anos mais tarde se consagraram ao conquistar medalhas nos Jogos do Rio.

“O COB já está trabalhando há alguns anos na preparação da geração que vai competir nos Jogos Olímpicos de 2020. Com essa ação de levar atletas para vivenciarem o ambiente olímpico, pretendemos quebrar a ansiedade natural que antecede uma competição como esta”, explicou o ex-judoca Sebastian Pereira, gerente de Performance Esportiva do COB e líder do Projeto Vivência Olímpica.

O jornal O Estado de S.Paulo mostra a história de alguns atletas de destaque nas categorias de base que já estão mostrando bons resultados e a expectativa é de poderem brilhar em 2020. Eles sonham em representar o País e fazer história nos Jogos do Japão. Para eles, a contagem regressiva para Tóquio-2020 já começou.

VÔLEI DE PRAIA – Duda Lisboa tem mais troféus e medalhas do que muitos atletas experientes. Com um currículo invejável, a jogadora de vôlei de praia tem tudo para brilhar nas areias de Tóquio. Aos 18 anos, desde cedo ela é apontada como talento precoce e tem o esporte no sangue. “Minha mãe era jogadora e é até hoje a minha técnica. Desde novinha ela me treinava. Ela jogou até os 40 anos e eu sempre competi na praia. Cheguei a jogar na quadra pelo colégio e era boa também”, contou a garota, que é filha de Cida, ex-atleta que criou um Centro de Treinamento em São Cristóvão, na região metropolitana de Aracaju, em Sergipe.

Foi lá que Duda iniciou a trajetória que culminou em feitos incríveis para uma adolescente. Quando tinha apenas 15 anos, tornou-se a primeira jogadora a disputar três Mundiais de base, sendo campeã sub-19 e vice sub-23, ao lado de parceiras diferentes. Também foi medalha de ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude e é tricampeã mundial sub-19. “Eu guardo tudo em casa. Tenho várias troféus e medalhas”, disse.

Com tantas conquistas, ela sempre foi tratada como um talento a ser lapidado e já faz parte da seleção brasileira adulta. Neste ano, foi eleita a melhor novata no Circuito Mundial e a atleta que mais evoluiu no Circuito Brasileiro. “Estou sempre treinando. No CT, tem academia e quadras. Meu sonho é ir para os Jogos de 2020”, afirmou.

Após a Olimpíada do Rio, ela teve uma conversa com a medalhista de prata Ágatha, que decidiu romper a dupla com Bárbara Seixas. Elas, então, combinaram de formar uma parceria para o próximo ano. “Será uma experiência muito boa. Espero que ela possa me passar tudo para chegarmos bem lá na Olimpíada de Tóquio”, comentou.

HANDEBOL – O meia Gabriel Jung foi convocado pela primeira vez para a seleção masculina de handebol após os Jogos do Rio. Aos 19 anos, ele é um dos atletas que estão sendo observados pelo técnico Washington Nunes na renovação da equipe visando ao Mundial no próximo ano, na França, e aos Jogos de Tóquio, no Japão, em 2020.

“Tenho muita vontade de chegar lá. É um sonho para qualquer um. Sei que ainda tem muito chão, então tenho de treinar bastante, aprender e ganhar experiência”, afirmou o rapaz, que atua no Barcelona B, da Espanha, time em que está há um ano e meio e já se sente completamente adaptado à realidade da Europa.

Gabriel é de Caçador, em Santa Catarina, e começou a jogar por acaso. Como era grande para sua idade, e canhoto, foi logo chamado para uma equipe. “Na época tinha 12 anos e acho que tinha o perfil que o técnico precisava. Aí com 15 anos fui para São Paulo, para jogar no Pinheiros”, explicou.

Como era muito novo, sua família ficou um pouco apreensiva com essas mudanças. No entanto, recebeu o apoio de todos e não demorou para se transferir para o Barcelona B. “É uma equipe que disputa uma liga inferior. Tem atletas da base, mas também jogadores de 30 anos. É um jogo mais tático e muito estudado”, contou.

Ele mora com um atleta grego e outro espanhol. Vem aprendendo bastante e sabe que está sendo uma grande experiência, ainda mais por estar em um clube grande da Espanha. “Nosso ginásio fica perto do estacionamento dos jogadores do futebol. Às vezes vemos eles passando de carro, mas não temos contato com eles”, disse.

Com 1,96 m de altura, o garoto é uma aposta do técnico Washington Nunes, que assumiu a seleção masculina após a Olimpíada e vem monitorando os 50 atletas brasileiros que atuam no exterior. “O Gabriel tem um potencial muito grande, é um menino com um talento especial, assim como o Panda e o Cauê. Todos eles são atletas com uma grande capacidade de jogo e que podem brilhar em 2020”, comentou.