“Se eu fosse acomodado, não voltaria ao Corinthians”. Esse foi um dos desabafos do técnico Tite na véspera do jogo contra a Ponte Preta, nesta quinta-feira, às 11 horas, no estádio Itaquerão, em São Paulo, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro. Fazia tempo que o time e o treinador não recebiam críticas e sofriam tanta pressão por uma vitória. Já são cinco jogos sem um resultado positivo (mais de um mês): quatro empates e uma derrota.

Essa incômoda sequência gerou eliminações no Campeonato Paulista e na Copa Libertadores e um início ruim no Brasileirão. A torcida cobrou, reclamou na porta do CT, em concentração de hotel e fez até reunião com um grupo de jogadores, algo considerado “cultural no clube”, como disse um dirigente. Nada deu resultado prático.

Tite tenta consertar os problemas do time dentro de campo. Tirou quem está em má fase, colocou no banco de reservas jogador consagrado, mudou atletas de posição e deu chance a quem estava esquecido. É o que o técnico chama de reconstrução. “Remontar um time é complicado. Talvez o próprio histórico e meu próprio trabalho mostrem o que eu peço: me ajudem”, disse o treinador mais vitorioso da história do clube, pedindo um comportamento mais carinhoso dos fãs. “O torcedor está mais impaciente que nos anos anteriores, não sei se foi pelas conquistas (recentes). Ele já não absorvem o primeiro, o segundo erro. Mas são alguns, não a maioria”.

A primeira mudança drástica no time começou na posição mais crucial: o gol. Cássio virou reserva e Walter assumiu o posto de titular. O início, contudo, não foi bom: derrota para o Vitória por 3 a 2, em Salvador.

Perder na Bahia após jogar um bom primeiro tempo, quando vencia por 2 a 1, obrigou Tite a mexer ainda mais no time. André, um dos mais criticados pela torcida, deu lugar a Luciano, atacante que tinha colocado Vagner Love no banco de reservas até sofrer uma lesão séria no joelho. Outro que ressurgiu em meio à crise: o volante Cristian, suplente durante todo o ano passado e coadjuvante na campanha do título do Brasileirão.

O Corinthians precisa resolver dois problemas de imediato. O primeiro deles é melhorar o poder ofensivo. Isso ficou claro na derrota para o Vitória, quando o time poderia ter decidido o jogo no primeiro tempo. Arrumar o setor defensivo é a outra prioridade. A entrada de Cristian, mais primeiro volante que Bruno Henrique, tem o objetivo de dar mais consistência ao setor. Bruno Henrique, que permanece na equipe, assume a posição de Elias, que defende a seleção brasileira, como segundo volante.

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Três jogadores cuidarão da armação: Guilherme, Giovanni Augusto e Marquinhos Gabriel. Essa é outra aposta de Tite. “Vamos ter três jogadores de articulação e um de velocidade (Luciano). São ajustes fundamentais”, afirmou o treinador.

Ninguém no Corinthians fala, abertamente, que é impossível vencer o Brasileirão. Mas o real objetivo é terminar a competição dentro do G4. Tite sabe que, para isso, é necessário engrenar uma sequência de bons resultados neste momento. E não perder mais pontos em casa, como ocorreu na estreia contra o Grêmio. “Equipe campeã se constrói ao longo do campeonato. Ano passado, nós construímos e nos reinventamos”, disse o técnico, que conquistou dois Brasileiros pelo clube (2011 e 2015).


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