O desabafo de Neymar, que não segurou as lágrimas ao se recordar de dificuldades pelas quais passou nos últimos anos, foi assunto na entrevista coletiva de Tite após a goleada por 4 a 0 sobre o Peru. O treinador falou sobre a “relação de lealdade” que tem com o astro da seleção brasileira e disse que faz parte de seu trabalho dar condições para que sempre apareça o talento do camisa 10.

“Tenho relação de lealdade. Com Neymar da mesma forma como com nosso atleta mais novo, que é o Vinícius Júnior. De não externar de forma pública, por vezes, as adversidades e os problemas que tem, sem antes ele ser direcionados diretamente ao atleta”, pontuou o treinador.

“Isso é talvez a maior experiência que eu trago de atleta, que gostava que meu técnico viesse e falasse comigo meus erros e não externasse de forma pública porque era uma exposição muito grande, mesmo sabendo que a imprensa busca informações. É o papel dela, mas é do papel de quem tem a responsabilidade de ser exemplo, de colocar as coisas de forma transparente”, acrescentou Tite.

O treinador se acostumou nos últimos anos a lidar com problemas relacionados a Neymar fora de campo. O atacante, porém, superou lesões uma acusação de abuso sexual e tem jogado à vontade. Diante dos peruanos, comandou o Brasil ao marcar um gol e participar dos outros três. Tite se mostrou contente com a maturidade do camisa 10 e destacou a “liberdade criativa” que ele tem tido na seleção.

“Não sei onde o Neymar pode chegar. Torço muito para que ele tenha saúde, não se machuque, tenha essa maturidade. A gente está conseguindo dentro da seleção, e acredito que em parte no clube também, dar uma liberdade criativa a ele. Nós damos uma área de ação maior dele, para que exploda todo seu talento”, explicou.

Se Neymar tem brilhado, Gabriel, por outro lado, ainda não mostrou na seleção o futebol que o fez ser ídolo no Flamengo. Titular nesta quinta, o atacante teve atuação discreta contra o Peru e foi substituído no intervalo. Tite confia que ele ainda vai brilhar sob o seu comando e pediu calma em meio as críticas.

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“O futebol é feito de calma, senão a gente cria uma expectativa excessiva de que o jogador já tem que entrar e produzir tudo o que ele faz no clube. Futebol é uma engrenagem, ele demora um pouquinho até se ajustar”, ponderou. “Gabriel foi substituído, a equipe no primeiro tempo não ajudou, porque ele é um jogador de finalização. Outras oportunidades vão aparecer, ele vai brilhar. No coletivo, um brilha em um dia, em outro dia é outro”, completou o técnico.

A goleada sobre o Peru foi a nona vitória consecutiva do Brasil, igualando a maior sequência de vitórias com Tite, alcançada entre 2016 e 2017. Em 56 jogos à frente da seleção, Tite ostenta 42 vitórias, dez empates e somente quatro derrotas, o que resulta no aproveitamento de 80,9%.

Mas vários desses triunfos foram sobre adversários frágeis, que não impõem dificuldades ao Brasil, o que suscita a necessidade de partidas contra rivais da Europa durante a preparação para a Copa do Catar. Foram do Velho Continente os algozes da seleção brasileira nos últimos Mundiais – França, Holanda, Alemanha e Bélgica, na sequência.

“Gostaríamos de ter calendário para jogar com as seleções europeias, mas não foi possível”, lamentou Tite, que enalteceu o nível técnico da Copa América. “As pessoas ficam desvalorizando. Temos Argentina de Messi, Aguero, Lautaro. Temos Uruguai com Suárez, Cavani, Godín. Colômbia com Cuadrado”, opinou. “Queríamos a seleção da Espanha, Portugal, todas as europeias que nos proporcionassem. Senão a gente fica numa situação imaginária. A preparação que fazemos é da melhor maneira possível”.

Com 100% de aproveitamento na Copa América e líder isolado do Grupo B com seis pontos, o Brasil folga na próxima rodada e volta a campo apenas na quarta-feira, dia 23, às 21h, para enfrentar a Colômbia, novamente no Engenhão.


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