O Titãs segue na turnê que marca o encontro entre os membros originais da banda. “Pra Dizer Adeus” vai fechar o ano do grupo, com três shows no Allianz Parque, em São Paulo. O primeiro deles aconteceu na quinta-feira, 21, e os outros serão realizados nesta sexta, 22 e no sábado, 23.   

Na música “Comida”, Arnaldo Antunes pergunta: “você tem sede de quê? Você tem fome de quê?” Nos 41 anos do grupo paulista, os Titãs mostraram que tem sede de muita coisa. 

As saídas da banda durante esse período chegaram a ser motivo de brincadeiras entre o público. O primeiro a buscar novos ares foi Arnaldo Antunes, que deixou o grupo em 1991, depois do álbum “Tudo ao mesmo tempo agora”. Depois disso, se aventurou na poesia e foi tentar novas coisas na música, passando de Tribalistas até a trilha sonora que ajudou as crianças a lavarem as mãos de forma correta no Castelo Rá-Tim-Bum

Em 2002 foi a vez de Nando Reis sair do grupo. Sua voz inconfundível continuou fazendo sucesso com o grupo Infernais. Mas, após sair do grupo, ele se tornou uma das melhores canetas do pop nacional, com parcerias com Cássia Eller e Skank, antes de sair da banda, e com o Jota Quest e muitos outros. Você certamente sabe cantar alguma composição de Reis, mesmo sem saber que é dele. 

Entre as duas saídas houve a morte do guitarrista Marcelo Fromer, que foi atropelado em 2001. Para substituí-lo na turnê, a banda convidou Liminha, lendário produtor do rock nacional. O show também conta com a participação de Alice Fromer, filha de Marcelo. 

O próximo da fila foi o baterista Charles Gavin, que optou por sair da banda em 2010. Gavin continuou ligado à música e trabalhou no lançamento de álbuns fora de catálogo de Tom Zé, Lady Zu e Novos Baianos. Ele também fala sobre música no programa ‘O som do vinil’, no Canal Brasil.

Em 2016 foi a vez de Paulo Miklos deixar o grupo para se dedicar a projetos individuais. Ele investiu na carreira de ator e estrelou filmes como ‘O Invasor’ e ‘Estômago’. Por ‘Homem cordial’, ganhou o Kikito de ouro como melhor ator no festival de Gramado em 2019. Miklos também participou da novela ‘O Sétimo Guardião’, da TV Globo. 

Reprodução / Instagram

A partir daí, Sergio Britto, Branco Mello e Tony Belotto seguiram com a missão de cuidar do jardim dos Titãs. Com a presença de músicos de apoio, lançaram os discos ‘Doze Flores Amarelas’, em 2019; e ‘Olho furta-cor’, de 2022. Além de ‘Titãs Trio Acústico’, de 2021. 

O show do reencontro é um belo presente para os fãs de banda, que podem ver novamente a banda com energia no palco com as performances teatrais de Mello, Miklos e Antunes. Depois de passar por algumas cirurgias na garganta, Branco estava completamente sem voz no show de quinta-feira, mas contou com o carinho e o abraço dos fãs para cantar ‘Tô cansado’, ‘Nem sempre se pode ser Deus’, ‘Cabeça Dinossauro’ e ‘Flores’.  

Brito também mostra energia para cativar o público com ‘Homem primata’ e ‘AAUU’, além de emocionar na voz de ‘Epitáfio’, um dos grandes momentos do show. 

Nando se destaca nos vocais em ‘Cegos do Castelo’, ‘Família’ e ‘Marvin’, já no bis. Miklos, entre outras interpretações, encerra o show com ‘Sonífera Ilha’, primeiro sucesso da banda. Antunes divide os vocais de ‘Não vou me adaptar’ com Alice Fromer e também brilha em ‘Porrada’, ‘O que?’, ‘Comida’ e ‘O pulso’.   

Não é fácil encher estádios de futebol pelo país em uma turnê, ainda mais repleta de músicas que já passam de 20 anos. Apesar disso, os Titãs conseguem também encher o palco em um show divertido e contestador, quando o rock nacional é cada vez mais repleto de bandas conservadores e paradas no tempo. O encerramento do show com os integrantes erguendo a bandeira do orgulho LGBTQIA+ mostra que a banda olha para a frente, ao contrário de grande parte de seus fãs. O pulso dos Titãs ainda pulsa.

A reportagem acompanhou o show à convite da Cervejaria Petrópolis.