Laudo elaborado pelo Instituto de Criminalística concluiu que não foi da arma apreendida pela polícia no Guarujá que partiu o disparo que matou o soldado Patrick Bastos Reis, no dia 27 de julho. A pistola calibre 9 milímetros havia sido apreendida pela Polícia Civil quatro dias após o crime e foi submetida à perícia. O resultado foi divulgado nesta semana.

Reis, soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), tropa de elite da PM, foi morto durante patrulhamento na cidade do litoral paulista. O assassinato desencadeou a realização da Operação Escudo por parte da Secretaria da Segurança do Estado e resultou na morte de 28 pessoas em mais de um mês de ações na região.

Na noite de 31 de julho, o delegado Antonio Sucupira exibiu a pistola apreendida em um beco na Vila Júlia, no Guarujá. A polícia disse ter chegado ao local após uma denúncia anônima e encontrou a arma envolta em um saco plástico. Um dia antes, um homem tinha se apresentado à polícia dizendo ser autor do disparo que matou o soldado; ele segue preso preventivamente.

A arma encontrada era um pistola Taurus modelo PT 92 AF, com numeração de identificação raspada. A análise aponta para o “péssimo estado de conservação” do material. A pistola estava carregada com 14 cartuchos íntegros, também sem códigos de rastreabilidade. Testadas, as munições funcionaram normalmente, denotando a capacidade letal do armamento.

O equipamento foi submetido a uma perícia realizada pelo Núcleo de Balística do instituto. O documento conclui que um projétil extraído do corpo do soldado Patrick Reis não foi disparado do cano da pistola apreendida, assim como um outro projétil recolhido pela perícia no local. Foram analisados ainda estojos de munição e se chegou à mesma conclusão.

Para realização do exame de balística, a arma foi carregada com munições e dela foram analisadas o que se chama de “estojos e projéteis testemunhas”. O material passou então por um microscópio comparador para se chegar à conclusão da análise. As raias do cano geram elementos individualizadores, ou seja, a mesma arma deixa sempre a mesma marca sobre as munições.

Questionada sobre a conclusão da perícia, a Secretaria da Segurança Pública disse que “em nenhum momento foi afirmado que a arma apreendida foi a utilizada no crime, até porque ela não foi apreendida com o criminoso, mas encontrada na mesma comunidade (Vila Zilda), assim como as outras 118 armas apreendidas durante a operação”.

“O indiciado foi preso dias após o crime, em São Paulo, e sua prisão não foi embasada no armamento apreendido, mas nas provas testemunhais de outros criminosos que o apontaram como autor”, acrescentou a pasta, apontando ainda que “todas as circunstâncias relacionadas ao atentado que vitimou o soldado Patrick Bastos dos Reis seguem em investigação minuciosa pela Delegacia de Guarujá”.

“Os laudos periciais e toda documentação referente ao caso são analisados pela autoridade policial e pela Polícia Militar, por meio de Inquérito Policial Militar (IPM), para auxiliar no esclarecimento dos fatos.”