Depois da pororoca de denúncias, evidências, provas, testemunhos, laços indiscutíveis que alcançam diretamente o Palácio do Planalto, fica absolutamente insustentável a condição do presidente Jair Bolsonaro. Ele está envolvido até o último fio do cabelo no escândalo que já ganhou a alcunha de Covaxingate, com sinais claros de favorecimento, sobrepreço, triangulação irregular e mais uma penca de crimes e, o que é mais assombroso, tendo como protagonista das ações o próprio mandatário, que foi alertado antecipadamente sobre a tramoia e resolveu abafá-la, deixando seguir adiante com as negociações. Certamente em nenhum outro momento da história republicana desde a redemocratização um caso de escândalo notório esteve tão bem tipificado e enquadrado como de prevaricação do presidente.

Esqueça toda a lista de mais de uma centena de crimes de responsabilidade. Deixe até de lado as absurdas práticas de descaso com a saúde, meio ambiente, educação , as decisões genocidas que levaram o Brasil a ostentar a marca de mais de meio milhão de mortes, justamente porque esse capitão, que está na cadeira de comando do País, fez o diabo para sabotar os esforços de combate à pandemia. Mas, dessa vez, com tamanha demonstração de participação de Bolsonaro numa tramoia escabrosa de compra irregular de vacinas, é impossível simplesmente ser indulgente ou indiferente ao que aconteceu. Não tirar o presidente do posto nesse momento é ser cúmplice da anarquia legislativa. É rasgar a Constituição e estabelecer que no Brasil foi instaurado a era do vale-tudo. Não é mais possível aceitar que alguns parlamentares aliados dêem guarida a esse chefe da Nação para que aqui se instale a esculhambação geral da República. É necessário o impeachment já. Sem atrasos, sem delongas ou conchavos espúrios. Que os poderes constituídos tomem prumo e coragem para parar já essa cruzada da insensatez e baderna administrativa que se instalou no seio do País. Só existe uma alternativa daqui para frente: o impedimento do presidente.


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