Coluna: Carlos José Marques

Carlos José Marques é diretor editorial da Editora Três

Tirem esse presidente daí

Bolsonaro diz que não houve nada errado em contrato de Covaxin

Depois da pororoca de denúncias, evidências, provas, testemunhos, laços indiscutíveis que alcançam diretamente o Palácio do Planalto, fica absolutamente insustentável a condição do presidente Jair Bolsonaro. Ele está envolvido até o último fio do cabelo no escândalo que já ganhou a alcunha de Covaxingate, com sinais claros de favorecimento, sobrepreço, triangulação irregular e mais uma penca de crimes e, o que é mais assombroso, tendo como protagonista das ações o próprio mandatário, que foi alertado antecipadamente sobre a tramoia e resolveu abafá-la, deixando seguir adiante com as negociações. Certamente em nenhum outro momento da história republicana desde a redemocratização um caso de escândalo notório esteve tão bem tipificado e enquadrado como de prevaricação do presidente.

Esqueça toda a lista de mais de uma centena de crimes de responsabilidade. Deixe até de lado as absurdas práticas de descaso com a saúde, meio ambiente, educação , as decisões genocidas que levaram o Brasil a ostentar a marca de mais de meio milhão de mortes, justamente porque esse capitão, que está na cadeira de comando do País, fez o diabo para sabotar os esforços de combate à pandemia. Mas, dessa vez, com tamanha demonstração de participação de Bolsonaro numa tramoia escabrosa de compra irregular de vacinas, é impossível simplesmente ser indulgente ou indiferente ao que aconteceu. Não tirar o presidente do posto nesse momento é ser cúmplice da anarquia legislativa. É rasgar a Constituição e estabelecer que no Brasil foi instaurado a era do vale-tudo. Não é mais possível aceitar que alguns parlamentares aliados dêem guarida a esse chefe da Nação para que aqui se instale a esculhambação geral da República. É necessário o impeachment já. Sem atrasos, sem delongas ou conchavos espúrios. Que os poderes constituídos tomem prumo e coragem para parar já essa cruzada da insensatez e baderna administrativa que se instalou no seio do País. Só existe uma alternativa daqui para frente: o impedimento do presidente.