Um jovem de 17 anos e de uma menina de 5 morreram baleados neste sábado, 12, na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro,. O adolescente foi atingido durante uma abordagem policial e a menina foi vítima de uma bala perdida dentro de sua própria casa. “Tiraram um pedaço da minha vida que foi minha filha”, disse o pai da criança, Gilgres Santos, em entrevista à Rede Globo.

De acordo com a polícia, o garoto teria reagido à abordagem da PM e estava armado. Foi atingido pelo disparo do agente da garupa de uma moto e socorrido pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Municipal Evandro Freire. Lá, o adolescente não resistiu aos ferimentos.

Alguns moradores da comunidade, porém, afirmam que o adolescente não resistiu à abordagem e fizeram um protesto na Comunidade do Dendê, onde a menina Eloáh Passos, de 5 anos, morava com a família. Houve queima de ônibus e o Batalhão de Rondas e Controle de Multidão (Recom) foi acionado, assim como o Corpo de Bombeiros.

A suspeita da família é de que a garota foi atingida por uma bala perdida dentro da própria casa, na Comunidade do Dendê, enquanto ocorria a manifestação e a chegada das forças de segurança. O tiro teria entrado por uma janela do quarto e atingiu o peito de Eloáh.

O avô da menina, Fernando Santana, disse em entrevista à TV Globo que a polícia chegou na comunidade atirando para cima e que não houve confronto. “Ela estava deitada, tinha acabado de acordar. Ela foi baleada dentro do quarto, ao lado da mãe”, afirmou.

A Secretaria de Estado de Polícia Militar afirma que o comando do 17.° Batalhão de PM foi informado sobre o caso, mas diz que não havia operação na comunidade. A pasta diz ainda que o comandante do 17.° BPM foi afastado da administração da unidade “a fim de dar uma maior lisura e transparência à averiguação dos fatos referentes às ações ocorridas na manhã deste sábado”.

“É uma criança, ontem (sexta-feira, 12) foi aniversário da irmã dela. Estava feliz, brincando”, disse Roseli Passos, prima da vítima, à ONG Voz das Comunidades. “Infelizmente, hoje (sábado, 13) de manhã ela acorda para brincar e, brincando, em cima da cama, leva um tiro de fuzil.”

À TV Globo, o pai da criança, Gilgres Santos, disse que “dor nenhuma” o alivia de ter pedido sua filha na véspera do Dia dos Pais, comemorado neste domingo, 14. “Tiraram um pedaço da minha vida que foi minha filha”, afirmou, na saída da Delegacia de Homicídios da Capital do Rio, onde ele e a mãe da menina prestaram depoimento à polícia.

“Infelizmente, é seguir a minha vida e manter as (filhas) que eu tenho em casa ainda, já que levaram a minha filha. Eu tenho duas para criar”, afirmou Santos.

Em nota, a Polícia Civil afirma que a Delegacia de Homicídios da Capital finvestiga as mortes da criança e do adolescente. “Os agentes estão em diligências em busca de testemunhas e outras informações para esclarecer as dinâmicas dos fatos”, afirmou a pasta.