Tirar a tireóide? Pode ser uma parte só
Flávio Hojaij, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e Secretário da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

Conheça mais sobre a possibilidade de fazer uma cirurgia parcial da tireóide, em vez da retirada total da glândula, quando uma operação é realmente necessária. Quem explica é o médico Flávio Hojaij, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, professor livre docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e Secretário da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. “Uma pessoa que, apesar de ter um câncer na tireóide, enquadre-se em vários critérios – é jovem, tem nódulo único e pequeno, sem sinais de doença à distância, entre outros – pode ser submetida a uma cirurgia parcial e, dessa forma, terá uma melhor qualidade de vida em comparação a quem fez a cirurgia total”, afirma.

– Pode definir o que é uma cirurgia parcial?

É a operação onde deixamos parte da tireóide. Usualmente emprega-se essa técnica nas abordagens em que retiramos um dos lados da glândula, que tem a forma de uma borboleta.

– Em quantos % dos casos ela poderia ser indicada?

Ela pode ser indicada em nódulos únicos  e que sejam menores  do que 2 cm. Há diretrizes que até autorizam em caso de nódulos maiores, mas por critérios de segurança, o consenso é que seja menor de 2 cm. O percentual de indicação depende das características dos pacientes.

– Há pouca indicação? Por que?

Por muito tempo indicou-se a tireoidectomia total e, de fato, essa operação é muito boa e segura. Quebrar paradigmas é difícil e  sempre encontra certa resistência.

– Quais suas principais vantagens?

Manter  ritmos  biológicos naturais e a possibilidade de não precisar tomar   hormônios  artificiais, além  de uma operação menor  com menos riscos e complicações.

– Do ponto de vista estético ela apresenta menos marcas também?

Isso não, o acesso cirúrgico é semelhante.

– Qual a diferença de recuperação entre a tradicional e a parcial?

A recuperação  em relação aos hormônios é mais rápida, porém a ferida operatória é a mesma e requer os mesmos cuidados.

– Quais os cuidados após uma e outra?

Os cuidados são semelhantes, mas o acerto da dosagem de hormônios é mais fácil na cirurgia parcial.

– Quando uma cirurgia de retirada de tireóide é de fato indicada?

A cirurgia da tireoide tem como indicações: nódulos suspeitos de neoplasias malignas, nódulos não malignos grandes (acima de 3 cm), hipertireoidismo (sem resposta ao tratamento clínico) e no caso de compressão de órgãos.