Prestes a completar 76 anos no próximo dia 17 de julho, Ronaldo Lindenberg Von Schilgen Cintra Nogueira nunca foi chamado pelo nome nem pela própria mãe. Para ela, sempre foi Ronnie. Para o mundo, Ronnie Von. O cantor, compositor, apresentador, ator, empresário, aviador, economista, botânico e publicitário foi entrevistado em uma live da IstoÉ.

No bate-papo com o editor executivo Edson Franco, Ronnie falou sobre sua carreira de cantor e apresentador e revelou detalhes dos bastidores de algumas das muitas novelas que trabalhou. Nelas, contracenou com divas da teledramaturgia como Leila Diniz, Sônia Braga, Vera Fischer.

Ele também lembrou fatos divertidos como quando foi contracenar com Myrian Rios em “A filha dos Trapalhoes” em 1984. “Beijos, nunca!”, teria advertido o amigo Roberto Carlos, casado com Myrian na época.

Na live, Ronnie Von conta os bastidores da sua saída da Gazeta, em julho de 2019, quando a direção da empresa pôs fim ao seu programa “Todo Seu”. Para ele, o pior do fim do contrato com a emissora foi a forma como se deu a ruptura do programa: “Não tive oportunidade de me despedir das pessoas”, lembra.

Ronnie Von abandonou os shows e gravações de discos na década de 90 do século passado e direcionou sua carreira para a telinha, como apresentador, produtor e empresário.

Agora, longe da televisão, ele aguarda ansiosamente, e com as reservas financeiras escasseando, por alguma nova proposta na TV. Um dos projetos é com a Band, cujas tratativas rolam desde abril do ano passado. “Se tirarem a televisão de mim é como tirar meu oxigênio”, afirma.

Ainda na entrevista, ele abriu o baú do tempo e contou detalhes das produções dos discos da fase psicodélica, entre o final da década de 1960 e início de 1970, como “A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nunca Mais” e de “Máquina Voadora”, um álbum inspirado na psicodelia dos Beatles.

Segundo ele, “o maior fracasso comercial de sua carreira de músico”, diverte-se. Ronnie Von iniciou cantar profissionalmente na época da Jovem Guarda, em meados da década de 1960. Ele diz que nunca participou do programa Jovem Guarda, apresentado por Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléa.

Apesar do passado roqueiro, ele admite ser pouco sociável e que tem levado isso muito a sério nos tempos de pandemia. “Não gosto de sair. Se quiser me agredir, me chame para uma festa”, revela.

Entre trocas de ideias, Ronnie Von fez uma imersão na juventude, nos tempos em que foi aluno do curso da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, aos 15 anos, na cidade de Barbacena, Minas Gerais, e depois no Rio de Janeiro.

Dessa época, ele diz na live que passou o maior mico de toda a sua vida ao receber a visita da sua então babá na escola militar. Ela foi visitá-lo e levava consigo um bolo de chocolate de presente para “o gatinho”. “Foi o maior constrangimento da minha vida”, conta, entre gargalhadas.

O ex-piloto da Aeronáutica diz que sente muita falta das asas, uma licença poética para se referir à liberdade de pilotar uma aeronave. “Voar é uma das coisas mais importantes da minha vida.”

Ele não foge aos temas e finalizou a conversa avaliando o cenário político brasileiro. Com a experiência de quem viveu em quartéis, ele responde sobre uma possível ruptura institucional com intervenção militar: “A caserna é antirracista e defensora da democracia, da ordem”.