22/04/2024 - 12:30
O caso da mulher que levou o tio morto para uma agência bancária com o intuito de sacar um empréstimo, e que teve grande repercussão na última semana, ganhou novos desdobramentos.
O último foi que os R$ 17 mil solicitados teriam como destino a reforma da garagem onde Paulo Roberto Braga, 68, ficava. O idoso não conseguia subir as escadas, como alega a defesa da sobrinha, conforme divulgado pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 21, e confirmado pela ISTOÉ.
As imagens da reportagem exibem um quarto improvisado, sem piso, com paredes sem reboco, uma cama, um vaso sanitário solto, uma estante pequena e uma mesa de plástico.
“O empréstimo era para uso do seu Paulo e para a reforma, inclusive, do espaço que precisava, uma vez que ele não conseguia mais se locomover para poder subir”, explica Ana Carla de Souza Correa, advogada de Érika de Souza Vieira Nunes.
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Isolamento em penitenciária
Outra novidade no caso é que a defesa de Érica solicitou à Justiça do Rio um pedido para que a mulher fique em uma cela isolada na Penitenciária de Bangu.
Ana Carla afirma que houve represálias “pelas presas, devido ao clamor social. A gente solicitou, realmente, o resguardo dela”.
A sobrinha de Paulo foi indiciada por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio a cadáver.
O que aconteceu na agência?
Érika, que diz ser sobrinha de Paulo, alegou que ele era cliente da agência e que havia um empréstimo pré-aprovado no nome dele. Os vigilantes do local permitiram a entrada do idoso na cadeira de rodas.
A mulher levou ele até uma funcionária no guichê e explicou a situação. Para concluir o processo de sacar o empréstimo, era necessário a assinatura de documentos. Érika passou a conversar com o cadáver e, nesse momento, os atendentes da agência notaram que havia algo de errado.
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado e constatou a morte do idoso. Érika acabou sendo presa em flagrante por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio a cadáver e levada à 34ª DP (Delegacia de Polícia) Bangu.
O que diz o delegado?
Em entrevista ao Repórter Brasil Tarde, da TV Brasil, o delegado Fábio Luiz disse que o esclarecimento sobre se o idoso chegou morto à agência ou morreu dentro do local não deve alterar o crime investigado.
“Isso interfere pouco na investigação. O próprio vídeo deixa claro para quem está vendo, por imagem, que aquela pessoa está morta. Imagine ela que não apenas está vendo, e está vendo e tocando. Só de ela ter dado continuidade, mesmo com ele morto, isso já configura os crimes pelos quais ela vai responder”, completou.
O delegado destacou que saber se o idoso entrou vivo ou morto na agência serve para trazer mais informações à investigação, “mas mudar o crime em si, não muda”.
A defesa
A advogada Ana Carla de Souza Correa, que representa Érika de Souza, alegou que o idoso estava vivo quando chegou ao banco, e que sua cliente estava com o estado emocional abalado e sob efeito de remédios.
“A senhora Érika faz um tratamento psicológico, toma remédios controlados. Fez tratamento bariátrico e precisa de tratamento psicológico”, disse a advogada, ao afirmar que a cliente tem um laudo psiquiátrico.
A defesa disse acreditar que Érika estava em surto no momento em que entrou na agência bancária. “Ela estava visivelmente alterada”, completou.
Em depoimento à Polícia Civil, a mulher disse que foi ao banco levada por um motorista de aplicativo.