Na última segunda-feira (09), o repórter Tino Marcos participou do podcast ‘Flow Sport Club’ e comentou sobre sua carreira de 35 anos como funcionário da TV Globo.

De acordo com o jornalista, responsável por cobrir a Seleção Brasileira durante muitos anos, fazer a cobertura da equipe nacional havia se tornado chato. “Está muito chato cobrir a seleção, porque você vê basicamente roda de bobinho, brincadeira e aquecimento. Depois disso você vai embora (…) Hoje, é aquela coisa mais pasteurizada, aí eu comecei a achar muito chato”, afirmou.

Durante a entrevista, Tino relembrou que, durante a Copa do Mundo de 2002, Felipão realizou todos os treinos de forma aberta, que não houve nem “10 segundos de segredo”. O comunicador também mencionou que essa nova forma de lidar com a imprensa foi algo que veio dos jogadores que atuam na Europa.

“Acho que isso foi uma imposição natural dos jogadores que vêm da Europa, porque eles começaram a reclamar bastante que a imprensa estava lá toda hora. Em 2002, o Felipão fez todos os treinos abertos. Ele dava esporro no Cafu na nossa frente, ele brigou com o Marcos e até o expulsou de um treino. Então, você tinha muito mais conteúdo e rendia mais assunto”, relatou.

Conforme Marcos, o “pior pesadelo” para os jornalistas foi quando Dunga assumiu o comando da seleção canarinho. O capitão do tetra passou a tornar todos os treinos fechados, sem dar qualquer abertura para os repórteres.

“O Dunga foi o pior pesadelo, digamos assim, desses anos todos de quem cobre a seleção. Chegou num ponto em que a gente viajava no mesmo avião da seleção, na parte de trás, e antes os jogadores cumprimentavam e conversavam com a gente, mas eles passaram a abaixar a cabeça e sentar para que Dunga não os vissem trocando ideia com a imprensa. Até o assessor falava que tinha que sair dali para Dunga não o ver falando com os jornalistas. Chegou nesse nível. Era um negócio além da conta”, declarou Tino.

Marcos ainda aproveitou a participação no podcast para afirmar que o ambiente dos jogadores e da comissão técnica era “ruim e pesado” na Copa do Mundo de 2010. “Acho que em termos de bola a primeira passagem do Dunga foi ok, ganhou a Copa América, a Copa das Confederações e foi eliminado para a Holanda na Copa. Agora, o ambiente era muito pesado. Eu vi jogadores e pessoas da comissão técnica falarem: ‘Se ganhar, beleza. Vou ganhar o meu bicho, entrar para a história… eu quero ganhar, mas quero ir embora disso aqui porque não aguento mais. O ambiente é horroroso, pesado’. Então, foi uma época triste para a seleção”, completou.