Depois de emplacar personagens em mais de uma dezena de produções da TV Globo, o paulistano Marco Pigossi agora mergulha em águas estrangeiras: Tidelands, a primeira produção australiana da Netflix, conta com o ator como um dos destaques do elenco internacional montado para a série. Os 8 episódios de cerca de 50 minutos já estão disponíveis.

Na série, Cal McTeer (a australiana Charlotte Best) volta para casa na fictícia Orphelin Bay depois de 10 anos presa num centro de detenção juvenil – a pequena cidade costeira, descobre, é um ponto movimentado de tráfico de drogas, sustento da família em que ela logo se vê envolvida.

A questão é que um dos grupos ligados à atividade é uma comunidade isolada de seres fantásticos, meio sereias, meio humanos, liderados por Adrielle Cuthbert (a espanhola Elsa Pataky, de Velozes e Furiosos) – vilã cujo objetivo é proteger “os seus”, um tipo de personagem querido por roteiristas do fantástico, aparentemente (Erik Killmonger, de Pantera Negra, e Grindewald, de Animais Fantásticos, para citar apenas dois deste ano).

Logo após um assassinato que coloca a comunidade dos pescadores em atrito com os “tidelanders”, Cal descobre a sua verdadeira condição, de sereia, e essa ambiguidade é um dos fios condutores da produção.

Pigossi interpreta Dylan, um dos personagens principais – ele começa como braço direito da líder dos tidelanders, mas também se envolve com Cal.

“É uma série muito feminina, é uma sociedade matriarcal, e o Dylan está entre as duas protagonistas”, diz Pigossi ao jornal O Estado de S. Paulo num café no Sumarezinho, zona oeste de São Paulo. “Ele tem uma função de condução legal na trama.”

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Um hedonismo dos tidelanders transparece no caráter altamente sensual que os atores colocam na tela. “Eles não têm laços matrimoniais, por exemplo, são mais livres nesse sentido, também é legal explorar isso”, comenta o ator.

A internacionalização do elenco da série faz parte da dramaturgia: a ideia dos criadores era que a comunidade de sereias tivesse diferentes sotaques com o inglês e mesmo diversos jeitos de se portar em cena. Além de Brasil e Espanha, há atores da Nova Zelândia e Filipinas.

A experiência nova de atuar em inglês, segundo o ator, adiciona uma camada para o próprio personagem. “Fui descobrindo o Dylan a partir da língua”, explica – ele também dublou a si mesmo em português e espanhol.

Depois de sair da Globo, Pigossi tinha uma ideia de passar um tempo em Londres numa escola de teatro inglesa, mas o casting “à distância” feito para Tidelands funcionou com certa facilidade e ele desviou a rota. As filmagens foram feitas em Queensland, a região nordeste da Austrália.

Vindo de uma série de personagens fincados na realidade (como o pistoleiro de aluguel do filme O Nome da Morte, de Henrique Goldman), a entrada no mundo fantástico é uma das novidades para a carreira do ator de 29 anos.

“No Brasil a gente tem pouco disso, né? A gente trabalha muito mais com a realidade”, reconhece. “Mas gosto muito desse contraste, isso faz muita diferença para o ator.”

No set, as diferenças são enormes, diz. “Muita coisa é feita na pós-produção, mas ao mesmo tempo é divertido para o ator explorar isso. Também leva um pouco para o teatro, do qual estou saudoso”, admite.

Mesmo com os efeitos especiais e o elemento fantástico, porém, o ator acredita que o elemento central da série é sumariamente humano: “Buscar saber de onde você veio é muito da natureza humana”, diz. “O que os personagens buscam é isso: uma mãe, uma explicação, de onde viemos e do que fazemos parte. É um exercício de identificação.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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