Delegados republicanos que esperavam curtir momentos despreocupados de nostalgia dos anos noventa com o show do Third Eye Blind tiveram uma surpresa desagradável quando a banda americana de rock alternativo usou um evento paralelo à convenção do partido para tachá-lo de intolerante.

Os roqueiros eram a atração principal de um concerto beneficente paralelo à Convenção Nacional Republicana em Cleveland, na terça-feira à noite, que indicou o magnata imobiliário Donald Trump como o candidato presidencial do partido.

Mas quando o Third Eye Blind começou a tocar uma das suas canções mais conhecidas, “Jumper”, de 1997, sobre um homem gay lutando contra pensamentos suicidas, o líder da banda, Stephan Jenkins, dirigiu algumas palavras aos republicanos.

“Amar esta canção é trazer para o seu coração a mensagem e realmente ter uma sensação de chegar e seguir em frente e não viver sua vida com medo nem impor esse medo a outras pessoas”, disse Jenkins, de acordo com um vídeo publicado nas redes sociais.

Jenkins disse que tinha primos gays que ele esperava que fossem aceitos “plenamente (…) na sociedade americana”.

A plataforma do Partido Republicano se opõe à decisão do Supremo Tribunal, no ano passado, que legalizou o casamento gay nos Estados Unidos, afirmando que o “casamento tradicional e a família” são a “base de uma sociedade livre”.

Em outro momento do show, Jenkins pediu que as pessoas presentes que “acreditam na ciência” levantassem a mão – uma provável alusão à rejeição dos republicanos ao consenso científico sobre as mudanças climáticas.

Alguns membros da multidão responderam com vaias, às que Jenkins reagiu: “Vocês podem vaiar o quanto vocês quiserem, mas eu sou o (…) artista aqui em cima”.

O Third Eye Blind, cujos membros não esconderam suas opiniões políticas em ocasiões anteriores, estava realizando um show beneficente no Rock and Roll Hall of Fame, em Cleveland.

O evento, que foi programado para ocorrer ao mesmo tempo que a convenção mas não estava vinculado ao Partido Republicano, levantou dinheiro para a organização Musicians On Call, que promove shows para pacientes em hospitais.

O protesto inesperado foi o episódio mais recente da luta dos republicanos com músicos populares.

Artistas como Adele, The Rolling Stones, Neil Young, R.E.M., Aerosmith e, mais recentemente, Queen, pediram a Trump para parar de usar suas canções em seus comícios.