Neste sábado, o UFC terá dois brasileiros, com narrativas semelhantes, nos eventos principais da noite de Las Vegas, pelo UFC Fight Night. Thiago “Marreta” ,veterano da organização, enfrenta Jamahal Hill, em busca de recuperar sua boa fase dos últimos anos no octógono; e Vicente Luque encara Geoff Neal, após perder uma sequência de quatro vitórias consecutivas.

Ainda sem conquistas de cinturão na carreira, a vitória dos brasileiros pode colocá-los mais próximos de uma disputa pelo título de suas respectivas categorias: Marreta pelo meio-pesado e Vicente, meio-médio. Na preparação para seus combates, o Estadão conversou com os lutadores, que já estão em concentração em Las Vegas, durante essa última semana.

VICENTE LUQUE

Em abril, antes de sua derrota para Belal Muhammad, Vicente Luque esteve próximo de uma disputa de cinturão. Uma vitória o colocaria para decidir o título dos meio-médios contra Kamaru Usman. Na época, o brasileiro afirmou que estaria no “top 5” da categoria. Quatro meses depois e apesar da derrota, Vicente mantém o mesmo pensamento.

“Essa derrota (contra o Muhammad) veio para me mostrar alguns ajustes que eu ainda precisava fazer em busca do título. Não tenho dúvidas de que eu ainda sou um top 5 da categoria”, afirma Vicente. Número 6 no ranking meio-médio, o brasileiro diz que gostou do seu desempenho no último confronto, apesar da derrota. “Foi decidida pelos juízes (a luta). Me senti bem durante os cinco rounds e, muito por conta disso, aceitei fazer uma luta logo em seguida, quatro meses depois”.

Em sua preparação, Vicente focou em “resgatar seus treinos de antigamente”. Nos últimos embates, o brasileiro priorizou a luta de chão, em detrimento da trocação, um de seus fortes. “Quero voltar a usar minhas ferramentas antigas. Entrar para definir o combate, diferente do que vinha fazendo, com um foco na parte defensiva da luta. Entrar no octógono para definir”, conta.

Mesmo assim, o lutador não esconde a frustração de ter perdido o último confronto, que garantiria a ele uma disputa pelo cinturão. “Eu senti que poderia dar mais de mim naquela luta. Faltou o ‘assassino silencioso'” – apelido que ganhou durante a sua carreira – “e quero resgastar esse meu lado contra o Geoff Neal”.

“Vindo de uma derrota, o público pode começar a te enxergar com outros olhares, mas eu quero provar que ainda sou o mesmo, que ainda tenho qualidade para seguir em busca do cinturão”, afirma Vicente. Em sua visão, mais uma ou duas vitórias, contando com o combate de sábado, o colocariam na rota para disputar o título da divisão.

“Eu acho que nunca estive tão preparado para o cinturão como hoje, depois dos ajustes no meu jogo”. Para Vicente, o confronto de sábado é, antes de definir posições na divisão, uma reafirmação pessoal e para o público. “Voltar à rota das vitórias, como de costume”. O brasileiro permaneceu invicto no UFC, entre 2020 e 2021.

THIAGO MARRETA

Veterano, Marreta é um dos grandes personagens do MMA brasileiro. No UFC desde 2013, o brasileiro nunca colocou suas mãos no cinturão da organização, mas esteve próximo: em 2019, encarou Jon Jones, um dos maiores da história da organização, msd foi derrotado, por decisão dos juízes.

Desde essa luta, Marreta passa por uma fase indigesta no UFC. Com quatro derrotas nas últimas cinco lutas – a última para Magomed Ankalaev -, o atleta ainda sonha em se colocar como desafiante ao título dos meio-pesados. Para isso, a vitória sobre Jamahal Hill é fundamental. “Quero mostrar a todos que eu estou de volta”, diz o lutador, mostrando confiança.

“Desde a última luta, eu foquei em corrigir os meus erros, junto com os meus treinadores”, afirma Marreta. “Fui previsível (contra o Ankalaev), foquei muito no nocaute. Contra o Hill vou trazer armas diferentes para o octógono”, conta.

Com 38 anos, Marreta já não é o mesmo jovem de quando começou no mundo das lutas e no MMA. Apesar disso, garante que tem plenas condições de superar Hill e que não poderia estar mais satisfeito com a sua preparação. “Trouxe meus colegas do Brasil para me ajudar e o meu preparador é o mesmo que me auxiliou na luta contra o Jon Jones. Tenho 100% de confiança nessa equipe”, diz.

Hill, adversário deste sábado, não esconde a admiração que tem por Marreta. “Treine até encarar seus ídolos”, postou o combatente nas últimas semanas, em uma foto ao lado do brasileiro. Para Marreta, isso não muda em nada seu foco para o combate. “É muito legal ter esse reconhecimento, mas tudo acaba no octógono. Já estive na condição dele, de admirar o Jon Jones, por exemplo, mas tudo se encerra quando o combate se inicia”, conta. “Depois da luta a gente vai sentar e conversar, como amigos. Mas antes disso vou tentar levá-lo para o chão a todo custo”, brinca.

Em busca de por um fim em sua sequência negativa, Marreta se mostra determinado e ainda sonha com uma nova disputa pelo cinturão, antes de sua aposentadoria – ele é treinador de Muay Thai no Brasil. “Enxergo só mais três ou quatro anos no UFC, por isso eu preciso e vou dar o meu máximo nas próximas lutas para conquistar o título no futuro. Mas preciso primeiro superar o Hill e é isso que vou fazer”, conclui.

Confira o card completo do UFC Fight Night:

CARD PRINCIPAL

Peso meio-pesado: Thiago Santos x Jamahal Hill

Peso meio-médio: Vicente Luque x Geoff Neal

Peso-pesado (Final do TUF): Mohamed Usman x Zac Pauga

Peso-mosca (Final do TUF): Brogan Walker x Juliana Miller

Peso-pesado: Augusto Sakai x Serghei Spivac

Peso-mosca: Ariane Lipski x Priscila Cachoeira

CARD PRELIMINAR

Peso-médio: Sam Alvey x Michal Oleksiejczuk

Peso-leve: Terrance McKinney x Erick Gonzalez

Peso meio-médio: Bryan Battle x Takashi Sato

Peso meio-médio: Jason Witt x Josh Quinlan

Peso-palha: Cory McKenna x Miranda Granger

Peso-galo: Mayra Bueno Silva x Stephanie Egger