Thiago Marinho celebra estreia como autor solo de teatro: ‘Histórias pra contar’

Com diversos musicais de sucesso, ator contou como tem sido essa nova experiência em entrevista à IstoÉ Gente

Divulgação/Julio Arakack.
Thiago Marinho. Foto: Divulgação/Julio Arakack.

Thiago Marinho está estreando como autor solo e diretor de teatro em “O formigueiro”. A peça, que teve temporada esgotada em outubro no Teatro Glaucio Gill, no Rio, terá duas sessões em dezembro, no Teatro Adolpho Bloch. O espetáculo conta a história de uma família que tem sua dinâmica afetada quando um de seus membros é detectado com Alzheimer. Recentemente, o artista também fez participação na novela “Dona de mim” como um jornalista.

Bacharel em teatro e com 18 anos de carreira, Thiago tem no currículo diversos musicais de sucesso, como “Se Essa Lua Fosse Minha”, que recebeu prêmio APTR de Melhor Elenco, “Chacrinha – O Musical”, “Elis – A Musical”, “Beatles num Céu de Diamantes” e “O Despertar da Primavera”. Também atuou nas elogiadas peças “Incêndios” e “Céus”. Ele também idealizou “Tudo o que há Flora” e foi diretor assistente de Dennis Carvalho no espetáculo “Clube da esquina – Os Sonhos não Envelhecem”.

Thiago também fez parte do elenco do filme “Socorro, Virei Uma Garota” (2019), das novelas “Babilônia” (2015) e “A Dona do Pedaço” (2019), da Globo, e da série “Impuros” (2018), da Fox.

Em bate-papo para IstoÉ Gente, o artista contou como tem sido viver essa experiência com autor e falou sobre planos de novos projetos na carreira.

Você está estreando como autor solo e diretor teatral de “O formigueiro”. Como tem sido essa experiência? Já pensa em novos trabalhos do tipo? Há planos para dirigir audiovisual em algum momento?

Penso sempre. Tem muitas histórias para contar e muitas maneiras de colocá-las no palco. Então dirigir teatro é uma vontade que eu tinha e, depois de experimentar, tenho mais ainda. É difícil porque você precisa pensar como quer contar aquele texto de forma artística, mas também tem a parte de liderar as pessoas que confiam em você para ajudá-las a encontrar os caminhos mais justos de cada personagem. Acho que o audiovisual pode ser um caminho, mas é uma linguagem que eu preciso dominar primeiro. O próprio “Formigueiro” é um texto que pode se deslocar lindamente pro cinema, mas é um outro nível de administração de pessoas, conteúdos e ideias. 

Com 18 anos de carreira como ator e com diversos musicais no currículo, o que é mais difícil, atuar ou dirigir? Ser ator ajuda a direcionar os artistas da peça?

Acho que ser ator te ajuda a lembrar de como estar num palco te deixa vulnerável, então o cuidado com quem eu estou dirigindo é diferente. Eu já trabalhei com diretores muito pouco empáticos com seus elencos. Esse clima de medo é péssimo para qualquer criação. Então ser ator me ajuda a entender que estamos todos ali com um objetivo comum, portanto eu tenho a obrigação de ser um bom líder para aquelas pessoas que estão ali dando seu corpo e sua voz para dar vida a algo que você tem na cabeça. Ser ator é difícil demais porque no fim do dia, é a sua cara ali. É uma investigação interna que pode ser dolorosa. O diretor tem um trabalho que fica solitário por mais tempo, o que também traz seu grau de dificuldade. Na verdade, nada é simples quando estamos inventando algo artístico.

A peça trata sobre a vida de uma família impactada quando a mãe de três pessoas é detectada com Alzheimer. Como foi a inspiração para escrever esse texto? E por que fazer um drama nesta sua estreia solo como autor?

Eu parti de uma experiência particular para partir para algo maior. Eu passei minha adolescência e início da vida adulta vendo minha família cuidar da minha avó com Alzheimer. Eu acompanhei de perto todas as mudanças que minha família sofreu por causa disso. Acho cruel e fascinante como uma doença baseada no esquecimento traz para o convívio uma marca inesquecível. Então decidi contar a história de quem fica. Das pessoas que estão em volta do doente, tentando seguir suas vidas, criar novas memórias, enquanto acompanham o total desaparecimento de uma pessoa. Não é exatamente a história da minha família, mas de todas as famílias. Toda família passa por situações críticas, tristes, e isso une a gente. E isso não é somente dramático. O texto, por incrível que pareça, é muito engraçado. Existe muito humor na dor. Embora os personagens estejam em uma situação péssima para eles, suas atitudes (muitas vezes patéticas) são cômicas. A plateia ri ao se reconhecer ali. Eu acredito que a peça seja uma comédia dramática. E o Teatro é legal por isso: eu posso te fazer rir chorando.

E como você foi parar no meio dos musicais? 

Eu amo teatro musical! Desde pequeno, dos desenhos, “Os saltimbancos”, o CD do Fantasma da Ópera que ganhei da minha mãe.  Eu tinha meus ídolos gringos e brasileiros e ia, novinho com minha mãe, assistí-Los: Solange Badim, Gustavo Gasparani, Soraya Ravenle. Quando eu comecei a estudar para musical, o musical no brasil era, em sua maioria, um conjunto de artistas talentosos e corajosos, porque era tudo muito restrito, o que foi minha sorte porque hoje a galera é ninja! O negócio ficou muito mais institucionalizado! Então quando eu passei pro meu primeiro musical, “O Despertar da Primavera”, do Charles Moeller, eu fui entendendo junto com o elenco, todos muito jovens, como navegar nesse estilo de teatro, que é delicioso, mas coisa de atleta.

Hoje, você atua, dirige e escreve. O que falta realizar profissionalmente?

O que falta? O que tiver pra vir! O que cair no colo. Falei muito na terapia como a vida (e a carreira faz parte disso) é uma montanha russa. Sobe, desce, faz curva. Dá frio na barriga e enjoo ao mesmo tempo. Então, não acho que “falte” algo. O que eu quero é usar o que aprendi com a carreira para contar histórias e mais histórias de todas as maneiras que eu conseguir.

E como foi fazer “Dona de Mim”?

Confesso que foi meio no susto. Eu estava focado só no espetáculo “O Formigueiro” e, de repente, me vi precisando entrar na energia de uma galera que já está calejada. Ainda assim, o resultado foi gratificante. O carinho e o afeto de todos com a novela me chamaram muita atenção. Todos acreditam na importância de contar aquela história. Me lembra o teatro, com todo mundo defendendo muito a história que conta no palco.