Thiago Camilo vai para a sexta etapa da Stock Car 2023, no Autódromo Velocitta, em Mogi Guaçu (SP), neste domingo, com 30 quilos a mais no carro. É o peso que o líder do campeonato carrega, pelo regulamento da competição. Na temporada, porém, o piloto da Ipiranga Racing tem demonstrado leveza ao conquistar duas vitórias, controlar “o que pode” e mirar no título inédito da maior modalidade do automobilismo brasileiro.

São 20 anos na Stock Car. Atualmente, Thiago é o piloto em atividades com mais vitórias, mas sem títulos. São 39 triunfos. Mesmo que a profissão seja correr, ele não se afoba para conquistar o campeonato. “Eu aprendi a controlar o que posso controlar. Quanto a o que está sendo feito (para brigar pelo título) não falta nada. Só vou poder dizer depois da última etapa, em Interlagos. A gente está muito focado nisso, ao nosso controle. Meu entrosamento está cada vez melhor. Isso soma força. É o meu melhor momento da carreira”, avaliou o piloto para o Estadão Esporte Clube.

Thiago lidera o campeonato com 151 pontos. Atrás dele, vem Gabriel Casagrande, da A.Mattheis Vogel, com 134. A vantagem pode parecer boa, mas basta uma etapa para o cenário mudar. Cauteloso, o piloto segue a máxima de “não poder parar”. “É manter o pé no chão. Essa vantagem não é significativa nessa altura do campeonato. Não dá para achar que, por estarmos nesse momento, ele vai se manter até o final”, analisa. Em Velocitta, o retrospecto é bom, já que ninguém tem mais vitórias por lá que Thiago. São três triunfos, dois em 2019 e um em 2021.

O ‘QUASE’ JÁ FOI OBSTÁCULO NO CAMINHO DE CAMILO

Não ter o título no currículo não significa que o piloto da Ipiranga Racing não é competitivo. Foram três vezes em que Thiago Camilo quase foi campeão da Stock Car. A primeira foi em 2011, quando ele venceu três corridas e liderou o campeonato. Porém, na época, havia uma “final” com as quatro últimas corridas, em que os primeiros colocados tinham a pontuação zerada. Logo na primeira corrida dessa segunda etapa, um problema no motor prejudicou a busca pelo título.

A segunda vez foi a mais dolorida, em 2013. Thiago tinha uma mão na taça e liderava a última corrida, em Interlagos. Para perder o título, somente se Ricardo Maurício o ultrapassasse e Thiago caísse para sexto. A duas voltas do fim da prova, um problema no câmbio levou Thiago para a sétima colocação. Ricardo Maurício avançou e terminou em segundo, vencendo o campeonato por um ponto de vantagem.

Na mais recente, em 2019, 30 pontos davam vantagem ao piloto quando a Stock Car chegou a Santa Cruz do Sul (RS). Novamente, um problema no motor o tirou da etapa inteira, e ele saiu de lá 30 pontos atrás do líder. Ainda deu para correr atrás, mas Thiago terminou o campeonato com oito pontos a menos que o campeão Daniel Serra.

“Sinceramente, o que poderia ser feito diferente não é uma coisa que está clara na minha mente. Mas acho que a evolução é constante. Sou um piloto mais completo. Tanto física quanto mentalmente. E a equipe também. Aprendi a controlar o que está ao meu alcance”, acredita Thiago. A preparação física é forte mesmo. O atleta foi a Mogi Guaçu, saindo de São Paulo, de bicicleta. Foram quase 150 km de pedalada. Além da preparação física, Thiago Camilo sente que tem o melhor ao seu dispor: ‘Essa sorte, de estar com profissionais muito bem gabaritados na categoria, sempre tive. E pude, ao longo dos anos, adquirir experiência para administrar situações de forma melhor para brigar pelas primeiras posições’.

HOMENAGEM AO TIO

Outra mudança na temporada de Thiago é o número do carro. Fiel ao 21, o piloto adotou o 16, em homenagem ao tio e ex-piloto, Sérgio Camilo, que morreu poucos dias antes da primeira etapa do ano. “Procuro levar isso como um motivo a mais. Meu tio talvez tenha sido o maior incentivador da minha carreira. Sempre corri com o número 21 e fui fiel a ele. É um modelo que faz sucesso até em categorias internacionais, a associação ao seu número, É muito mais visível, já que não se tem acesso a nossa imagem. O número em si eu iria ter só para a corrida (de Goiânia), mas mantive. Tenho certeza que ele estava comigo nessa e vamos até o final do ano”, conta.

A Stock Car acelera no Autódromo Velocitta, em Mogi Guaçu, já no sábado, 5, para o classificatório, às 13h. No domingo, a rodada dupla tem a primeira corrida às 11h30, e a segunda prevista para 12h10. A etapa é transmitida ao vivo pela Band (TV aberta), canais SporTV (TV fechada) e no YouTube da categoria.