A primeira-ministra britânica, Theresa May, reúne-se, nesta terça-feira (18), com seus principais ministros para acelerar os preparativos em antecipação a uma possível saída da UE sem acordo.

O governo “discutirá a próxima fase para garantir que estejamos prontos para este cenário” de um “não acordo”, declarou May à Câmara dos Comuns na segunda-feira.

A hipótese de um Brexit sem acordo, temido pela comunidade empresarial, está tomando forma, enquanto a líder conservadora tem dificuldades para convencer os deputados dos méritos do acordo de divórcio concluído em novembro com Bruxelas, após longas e duras negociações.

May adiou no último minuto uma votação sobre o texto, inicialmente prevista para 11 de dezembro, em razão de sua provável rejeição pelos parlamentares britânicos.

Na segunda-feira, o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, apresentou uma moção de desconfiança contra a primeira-ministra, após o adiamento do voto, programado agora para janeiro. O Partido Trabalhista quer que os parlamentares votem antes do recesso de final de ano, que vai de 21 de dezembro a 6 de janeiro.

“É inaceitável que esperemos quase um mês por uma votação sobre a questão crucial do futuro de nosso país”, disse Corbyn.

– “Golpe de publicidade” –

Mas é improvável que tenha sucesso. O governo, que decide sobre a organização de um debate e uma votação sobre tal moção, pretende bloqueá-lo.

“Nós não vai dar tempo para este golpe de publicidade”, afirmou uma fonte de Downing Street, citada pela agência de notícias britânica Press Association.

Esta fonte desafiou o Labour a apresentar uma moção de censura sobre todo o Executivo, como ameaçou várias vezes, o que poderia desencadear novas eleições gerais.

Procurada pela AFP, a assessoria de Theresa May não quis comentar.

“A questão é quando, e não se, vamos desafiar o governo com uma moção de censura”, advertiu o ministro da Habitação do Labour, John Healey, na BBC Radio 4.

Tal moção tem poucas chances de sucesso neste momento, uma vez que o Executivo já recebeu o apoio dos “brexiters” e de seu aliado norte-irlandês, o partido unionista DUP.

Se aprovada, a moção de desconfiança trabalhista não seria vinculativa para Theresa May. Seria reveladora, porém, de sua fragilidade, após seu fracasso em obter novas munições para convencer o Parlamento.

Diante das divisões, mais e mais vozes pedem um segundo referendo. Nesta terça, no jornal Daily Telegraph, 50 personalidades do mundo econômico defenderam essa solução.

Essa possibilidade é, porém, categoricamente rejeitada por Theresa May, que a vê como uma traição à vontade do povo britânico que votou pelo Brexit no referendo de junho de 2016.

Uma terceira via é defendida por vários ministros: dar ao Parlamento a oportunidade de votar de maneira indicativa as diferentes opções para o Brexit, de manter uma relação muito próxima com a UE a uma saída sem acordo. A porta-voz de May já declarou que tal votação não foi planejada.