O primeiro fim de semana do The Town, que ocorreu nos dias 2 e 3 de setembro, foi o suficiente para comparar o novo festival da capital paulista com o seu principal concorrente, o Lollapalooza. Ambos os eventos são realizados no Autódromo de Interlagos, na Zona Sul da cidade, e prometem música boa e muitas experiências ao público. No entanto, as entregas são distintas.

A novidade, que volta ao Autódromo nos dias 7, 9 e 10 de setembro, tinha tudo para ser o melhor festival de São Paulo. Afinal, a iniciativa é dos mesmos criadores do Rock in Rio, um dos maiores eventos de música do mundo, com 38 anos de história. Além disso, o evento promoveu iniciativas inovadoras de sustentabilidade, diversidade, inclusão e mobilidade, e ainda contou o maior investimento da Heineken, patrocinadora master, no Brasil.

Apesar do line-up com artistas aclamados como Bruno Mars, Demi Lovato, Post Malone, Bebe Rexha, Alok, Luísa Sonza, Matuê, entre outros, o The Town decepcionou neste primeiro fim de semana. A reportagem da ISTOÉ esteve presente no festival e acompanhou a insatisfação do público com a organização do evento; veja os principais pontos:

Superlotação

No Lollapalooza, em três dias de evento, a organização vendeu 302,6 mil de ingressos. Já no The Town, só no primeiro fim de semana, 200 mil pessoas marcaram presença. Dividindo esses números pela quantidade de dias de ambos os festivais, a diferença parece mínima, mas, na prática, era nítida a superlotação do The Town. Até longe dos palcos o público tinha dificuldade para se locomover.

Filas e mais filas

Enquanto no Lollapalooza as filas, quando tinham, eram moderadas, no The Town as pessoas perderam boa parte da programação tentando realizar atividades básicas, como comprar uma água (que muitas vezes estava escassa) e ir ao banheiro. Conforme os relatos, o tempo médio nessas filas era de 50 minutos.

Para entrar no festival não foi diferente. Apesar de ter dois portões principais para o público geral, alguns horários tiveram 2h de fila. Com isso, cambistas passaram a vender “fura-fila”.

O problema também estava fora do local. Ir e, principalmente, sair do evento era uma tarefa complicada. Apesar do esquema de mobilidade inédito na cidade, com parceria com a ViaQuatro, ViaMobilidade Linha 5 e ViaMobilidade Linhas 8 e 9, que funcionam 24h durante os dias de festival, as filas estavam quilométricas para sair e entrar da estação Autódromo, a mais próxima.

Falta de sinalização

Comparando ao Lollapalooza, o evento realmente conseguiu encurtar as distâncias entre os palcos. No entanto, falhou na sinalização. Apesar de ter investido em um aplicativo próprio, não espalhou mapas do evento e nem a programação pelo local. Por isso, era comum ver pessoas questionando tais informações.

Pouca visibilidade dos palcos

No Lollapalloza os “morros” do Autódromo serviam de arquibancada, facilitando a visão para os palcos. Já no The Town, a organização investiu em palcos nas partes planas do local, fato que dificultou a experiência do público. No entanto, nos shows principais, todos os telões espalhados pelo evento exibiam a apresentação do momento.

Muitos estandes e excesso de seletividade

Todo o local foi cercado por estandes de marcas parcerias e patrocinadoras. Apesar de algumas ativações proporcionarem brindes ao público, a seletividade foi a principal marca registrada no evento. Diferentemente do Lollapalooza, somente pessoas selecionadas podiam entrar na maioria desses locais. Com isso, muitas pessoas, incluindo PCDs, ficaram sem “abrigo” durante a chuva que tomou o primeiro dia do festival, sábado, 2.

Poucas opções de bebida e falta de mesas

Para quem não gostava de cerveja, mas desejava apreciar outros drinks alcoólicos, não tinha essa opção no The Town. E na hora de comer, as únicas mesas “disponíveis” (e muito concorridas) eram as do Mc Donald’s ou do Market Square, uma área inspirada no Mercado Municipal de São Paulo. Quem estivesse em outras áreas, precisava se acomodar no chão ou até mesmo se alimentar de pé.

Line-up salvou o festival

Apesar das insatisfações com a organização, que afetou a experiência do público, o festival foi salvo pelo line-up. Artistas nacionais e internacionais entregaram boas apresentações, mesmo debaixo de chuva no primeiro dia. 

A primeira edição do The Town retorna nos próximos dias 7, 9 e 10 de setembro, no Autódromo de Interlagos. A programação principal contará novamente com Bruno Mars, além de Foo Fighters e Maroon 5.