Quem é rei nunca perde a majestade – mas pode eventualmente deixá-la guardada no armário algum tempo. Quando os nova-iorquinos do The Strokes lançaram “Is This it?”, em 2001, foi uma pequena revolução no rock. O impacto foi tão grande quanto havia sido em 1997 o álbum “OK Computer”, do Radiohead, mas com uma diferença: enquanto os ingleses conquistavam o mundo com seu rock cerebral e progressivo, os americanos liderados pelo vocalista e compositor Julian Casablancas só queriam se divertir, namorar supermodelos e homenagear o Velvet Underground. A banda lançou bons álbuns, como “Room on Fire” (2003) e “First Impressions of Earth” (2006), mas a repetição da fórmula “cool-indie-rock” e o evidente consumo de álcool – principalmente ao vivo – os levou a perder a relevância artística. Em 2013, após participar da gravação de “Instant Crush” com o Daftpunk em “Random Access Memories”, Casablancas parece ter reconquistado seu inegável talento. Sete anos após o fraco “Comedown Machine”, The Strokes está de volta com “New Abnormal”, o melhor álbum da banda desde a estreia em 2001: tem tudo que a tornou única: o vocal cuidadosamente desleixado de Casablancas, a guitarra melódica de Albert Hammond Jr. e a bateria crua do brasileiro Fabrizio Moretti. Com pitadas de pop, rock e bastante soul, The Strokes acertam em deliciosas canções como “The Adults are Talking” e “Brooklyn Bridge to Chorus”. Julian Casablancas, o rei de Nova York, está de volta.