A frase mais ouvida pelo elenco de The Americans ultimamente é: “Como vocês sabiam?”. Quem se aproxima de Keri Russell ou Matthew Rhys assim se refere ao atual escândalo envolvendo a Rússia e sua potencial interferência nas eleições americanas. Claro que a série, que estreou sua sexta e última temporada em 28 de março, no FOX Premium 2, se passa em outra época, o começo dos anos 1980.

“Do ponto de vista do roteiro, não nos afeta porque a série está naquela bolha e não deixamos nada penetrar nela”, disse o produtor e showrunner Joe Weisberg à reportagem em Pasadena, na Califórnia. “Quando começamos, muita gente perguntou por que falar da Rússia, já que fazia tanto tempo que a tensão tinha existido, que EUA e Rússia tinham sido inimigos e agora tudo tinha sido esquecido. Ninguém está mais fazendo essa pergunta.”

The Americans é baseada em casos reais de agentes da KGB que se infiltraram nos Estados Unidos fingindo ser americanos e mantendo casamentos falsos, com filhos e tudo em nome da espionagem. Elizabeth (Keri Russell) e Philip (Matthew Rhys) foram treinados na então União Soviética para falar inglês sem sotaque, matar sem dificuldade e manter um relacionamento que gera dois filhos, Paige (Holly Taylor) e Henry (Keidrich Sellati), mesmo se tratando, em princípio, de um casamento puramente profissional. Claro que as coisas se complicam. “O relacionamento era a parte mais intrigante”, disse Rhys. “Essas pessoas estão juntas, têm filhos, eles têm sentimentos um pelo outro? Mas tem muito conflito também.” No fim, deu certo: Rhys e Russell começaram a namorar e se casaram durante a série. “Foi ótimo trabalharmos juntos”, disse a atriz, conhecida por Felicity.

Os conflitos de que Rhys fala estão bem evidentes na sexta temporada, que dá um salto no tempo de três anos, para alcançar a glasnost e a perestroika, o movimento de reabertura promovido por Mikhail Gorbachev que culminou no esfacelamento da União Soviética. Philip coloca sua missão com a KGB cada vez mais em dúvida, enquanto Paige se aproxima mais da mãe e de seu trabalho. “Queríamos falar do Gorbachev quando os efeitos da glasnost e perestroika realmente estavam acontecendo”, disse Weisberg. “Philip e Elizabeth terão de enfrentar as reformas, à medida que elas ocorrem.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.