Cerca de 30 anos de escavações arqueológicas foram transferidas e colocadas em segurança nesta quinta-feira (11) na Cidade de Gaza, fora de um edifício ameaçado por um bombardeio israelense, informou a Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém (Ebaf).
“É uma operação de alto risco, em um contexto extremamente perigoso para todos os envolvidos, é realmente um resgate de última hora”, explicou à AFP Olivier Poquillon, diretor desta prestigiosa instituição acadêmica fundada pelos frades dominicanos no final do século XIX.
Segundo ele, as autoridades israelenses ordenaram à Ebaf, na manhã de quarta-feira, que esvaziasse seu depósito arqueológico localizado no térreo de um prédio residencial na Cidade de Gaza, que poderia ser bombardeado em breve.
O exército israelense não confirmou esta informação.
Diversas fontes indicaram que a França – em particular através do seu Consulado Geral em Jerusalém -, a Unesco e o Patriarcado Latino de Jerusalém estiveram na linha da frente para resgatar este tesouro arqueológico, o que permitiu obter uma trégua de várias horas para colocá-lo em segurança.
“Mas quase não há atores internacionais no terreno, já não há infraestruturas, sendo necessário encontrar soluções, meios de transporte e trabalhadores quando nada funciona”, explicou Poquillon, sem revelar onde os objetos foram guardados.
O depósito continha aproximadamente 180 metros cúbicos de elementos recolhidos nos cinco principais sítios arqueológicos de Gaza, entre eles o mosteiro de São Hilarion, declarado Patrimônio da Humanidade.
Todos estes sítios sofreram danos, segundo a Ebaf, que demonstra preocupação com o futuro dos mosaicos “únicos”, deixados ao ar livre apesar de sua fragilidade.
Segundo pesquisadores contactados pela AFP, no território palestino restam apenas vestígios, especialmente vulneráveis devido aos confrontos e bombardeios, e este depósito que abriga milhares de artefatos.
Embora por enquanto seja impossível realizar um inventário preciso, a Unesco já constatou, devido a imagens de satélite, “danos” em 94 sítios da Faixa, entre eles o palácio do Pasha, construído no século XIII.
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