A ajuda pública às vítimas do terremoto que atingiu o oeste do Irã no último fim de semana demora a chegar aos locais distantes, onde as autoridades iranianas ordenaram nesta quarta-feira (15) a continuação das operações de busca por potenciais sobreviventes.

De acordo com os últimos números oficiais, o terremoto de magnitude 7,3 matou 432 pessoas no Irã, todos na província de Kermanshah, e oito no Iraque. No total, as autoridades dos dois países contabilizaram cerca de 8.200 feridos.

Em Kuik, um aglomerado de aldeias a cerca de quinze quilômetros ao norte de Sar-e Pol-e Zahab, a grande cidade mais afetada pelo terremoto de domingo à noite, a ajuda distribuída aos habitantes na manhã desta quarta-feira era feita principalmente por voluntários, de acordo com jornalistas da AFP no local.

Além de um comboio de cerca de 20 ambulâncias com medicamentos e algumas equipes do Crescente Vermelho trazendo tendas, a assistência (água, comida, cobertores) nesta área da província de Kermanshah, que faz fronteira com o Iraque, é essencialmente distribuída por civis com seus próprios veículos.

Algumas pessoas, vindas da província vizinha do Curdistão, viajaram mais de 100 quilômetros.

“Deus os abençoe!”, disse aos voluntários Abdol Gaderi, de 45 anos, mas “precisamos de água corrente, eletricidade e precisamos de sanitários móveis”.

Em meio às ruínas dessas aldeias de agricultores devastada pelo terremoto, os habitantes temem epidemias por causa dos cadáveres de animais ainda sob os escombros.

Na manhã desta quarta-feira, o governo ordenou a continuação das operações de busca por sobreviventes para garantir que não há mais pessoas sob os escombros.

– Enterros –

Em Ghaleh Bahadori, cerca de trinta tendas do Crescente Vermelho abrigam vítimas do desastre. “Isso não é suficiente”, disse à AFP Tooraj Mohammadi, morador local de cerca de 20 anos, referendo-se às “130 famílias” da aldeia que não têm mais casas.

“Aqui, tivemos 30 mortos. Enterramos as vítimas por conta própria, em coordenação com a gendarmeria”, explicou.

Somente no Irã, o saldo dos danos causados ​​pelo terremoto chegariam a 26 bilhões de rials iranianos, ou cerca de 6,3 bilhões de dólares, de acordo com uma primeira estimativa fornecida à agência de notícias Isna por Mojtaba Nikkerdar, vice-governador da província de Kermanshah.

Isso corresponde a cerca de 1,5% do PIB nacional previsto pelo Fundo Monetário Internacional para 2017.

No total, cerca de 30 mil lares foram destruídos ou danificados, de acordo com as autoridades.

A destruição em Sar-e Pol-e Zahab dos edifícios de Maskan-e Mehr, um programa nacional de habitação popular realizado sob a presidência de Mahmoud Ahmadinejad (2005-2013), atraía a atenção da imprensa iraniana e despertava indignação nas redes sociais.

“O fato de que as casas construídas por indivíduos […] estão intactas enquanto os edifícios erguidos pelo Estado estão seriamente danificados mostra que houve corrupção”, estimou o presidente Hassan Rohani, de acordo com seu site oficial.

Falando no dia anterior sobre o mesmo assunto, Rohani afirmou ser necessário “procurar os culpados e apresentá-los à população”.

Aos deputados, o ministro do Interior, Abdolreza Rahmani Fazli, apresentou nesta quarta-feira um relatório sobre a ação do Estado nas zonas afetadas.

“Enviamos 36 mil tendas e devemos enviar mais 10 mil” para permitir que todas as famílias desabrigadas sejam assistidas, disse ele, de acordo com a agência de notícias Isna.

Enquanto isso, os moradores de Kouik reclamam de roubos e do desvio de parte da ajuda de emergência por pessoas de fora da região. Sobre isso, o ministro afirmou que não havia “nenhum problema particular de segurança pública” nas regiões afetadas pelo terremoto.

Em conselho de ministros, o governo aprovou uma série de medidas e empréstimos sem juros para famílias que perderam suas casas.