Terremoto na Itália transformou Camerino em cidade fantasma

Por Gianluigi Basilietti CAMERINO, 7 FEV (ANSA) – Escombros, telhados desintegrados e cabos pendurados: a viagem a Camerino, na província de Macerata, centro da Itália, é um passeio dentro de uma cidade destruída por um terremoto. Até 26 de outubro de 2016, havia um centro histórico onde hoje é uma zona fantasma. Na rua da vida noturna dos estudantes universitários, agora, há apenas locais fechados que permitem apenas imaginar as noites que ali seriam vividas.   

As únicas pessoas que se encontram na cidade são os militares do Exército, os bombeiros e os voluntários da Guarda Civil. Mas basta olhar para as rachaduras profundas nas fachadas dos edifícios para entender que se está diante de um desastre, “que infelizmente ainda não emergiu, a nível de comunicação, em toda a sua gravidade”, disse à ANSA o prefeito Gianluca Pasqui, empenhado na gestão de emergência e na reconstrução da cidade que, segundo ele, será “muito difícil”. Pasqui não encontra conforto nem mesmo nas poucas ruas que saíram da “zona de alerta” e as chama de “absolutamente marginais, em comparação com a complexidade da emergência que fomos convocados a enfrentar”.   

Palavras que são refletidas quando se vai além das velhas muralhas da cidade e surgem as igrejas, monumentos e edifícios belíssimos, que hoje estão em pé apenas por uma aposta.   

A maior parte desses edifícios não está em segurança, como a Catedral de Santa Maria Maggiore e a Igreja de Santa Maria em Via, restaurada depois do abalo sísmico de 1997 e que agora está em meio a um inquérito da Procuradoria de Macerata pelo colapso de sua cúpula. Com o terremoto, a cúpula caiu e atingiu um apartamento onde viviam vários estudantes. Por sorte, o imóvel estava vazio no momento do acidente. A lista dos monumentos a serem protegidos de outros eventuais choques tremores de terra é longa, começando pelo Teatro Filippo Marchetti e pelo Palácio Arcebispal. Mas outras construções estão igualmente em risco, como o presídio local e o ex-tribunal da cidade.   

Alguns trabalhos provisórios foram executados pelos bombeiros (com a supervisão das autoridades da cidade) na Pinacoteca onde, no entanto, ainda são mantidos muitos dos tesouros artísticos de Camerino. Também trabalha-se na restauração do Palácio Ducale, sede da reitoria da Faculdade de Direito, mas a sensação é a de que o caminho para salvar todo o patrimônio histórico é muito difícil. “Um caminho que conta com um obstáculo chamado burocracia, que nesta situação se torna prejudicial e pode atrasar processos simples”, reitera o prefeito. Pasqui, porém, nega se sentir abandonado pelas instituições públicas e pelo govero: “A recente visita do presidente da Itália, Sérgio Mattarella, é uma confirmação disso. O problema não está nos homens que operam as máquinas e estão à frente da emergência, mas sim, nos procedimentos. Como faço para trazer de volta para suas casas, em pouco tempo, as 6 mil pessoas deslocadas se, para liberar uma rua hoje, levo mais de um mês?”, questionou. (ANSA)