19/04/2022 - 12:31
As terras indígenas brasileiras atuaram nas últimas três décadas como barreiras contra o avanço do desmatamento, apesar deste fenômeno ter se intensificado nos últimos três anos, revelou um estudo divulgado nesta terça-feira(19).
O Brasil perdeu 69 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 30 anos, segundo o projeto MapBiomas, uma colaboração entre ONGs, como o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), universidades e startups.
Enquanto quase 70% da área desmatada se concentrou em territórios privados, apenas 1,6% do total -1,1 milhão de hectares- correspondeu a terras indígenas.
“Os dados de satélite não deixam dúvidas que são os indígenas que estão retardando a destruição da floresta amazônica”, disse Tasso Azevedo, coordenador da MapBiomas.
“Sem seus territórios, a floresta certamente estaria muito mais perto de seu ponto de inflexão a partir do qual ela deixa de prestar os serviços ambientais dos quais nossa agricultura, nossas indústrias e cidades dependem”, acrescentou.
As terras indígenas ocupam 13,9% do território do Brasil e abrigam 109,7 milhões de hectares de vegetação nativa, quase a quarta parte do total do país.
A MapBiomas destacou que, apesar de ter atuado como um escudo contra o desmatamento, as terras indígenas estiveram mais ameaçadas nos últimos três anos, coincidindo com a chegada de Jair Bolsonaro ao poder.
Assim, o desmatamento se multiplicou em 1,7 nestes territórios em relação ao período 2016-2018, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais coletados pela MapBiomas.
O governo de Bolsonaro é acusado de favorecer a impunidade dos garimpeiros de ouro, dos agricultores e dos traficantes de madeira que praticam o desmatamento ilegal, além de cortar o orçamento de órgãos de controle ambientais.
O presidente brasileiro defende também a exploração econômica das terras ancestrais com atividades como a mineração e extração de hidrocarbonetos e foi eleito com a promessa de não demarcar “nenhum centímetro a mais” de terra para os indígenas.
Desde sua chegada ao poder, o desmatamento anual médio da Amazônia brasileira disparou mais de 75% em relação a década anterior.