Entre duas e três vezes mais asteroides atingiram a Terra e a Lua desde a época dos dinossauros, quando uma enorme colisão com rochas espaciais os varreu para sempre do planeta, disseram pesquisadores nesta quinta-feira.

O ritmo crescente começou há cerca de 290 milhões de anos, e provavelmente coincidiu com algum tipo de grande explosão cósmica no principal cinturão de asteroides entre as órbitas de Marte e Júpiter, relataram pesquisadores na revista Science.

O resultado foi detritos espaciais, alguns dos quais chegaram à Terra e à Lua, levando a uma taxa de impactos de asteroides 2,6 vezes maior do que era antes de 290 milhões de anos atrás.

“Esses impactos mandaram uma chuva de pedras espaciais para a Terra, que provavelmente atingiram um pico e depois declinarão com o tempo”, disse à AFP o coautor Tom Gernon, professor associado de ciências da Terra na Universidade de Southampton.

O estudo não estabeleceu vínculos diretos entre o aumento dos impactos de asteroides e os grandes eventos determinantes na evolução da vida na Terra que ocorreram nesse período, incluindo a extinção Permo-Triássica há cerca de 252 milhões de anos, quando até 90% da vida na Terra foi aniquilada por razões misteriosas.

Um enorme asteroide é amplamente culpado pelo desaparecimento dos dinossauros, que surgiram há cerca de 245 milhões de anos e desapareceram há 65 milhões de anos.

“A questão é se a mudança prevista nos impactos de asteroides pode estar diretamente ligada a eventos que ocorreram há muito tempo na Terra”, disse a coautora Rebecca Ghent, professora associada do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Toronto.

“Embora as forças que impulsionam esses eventos sejam complicadas e possam incluir outras causas geológicas, como grandes erupções vulcânicas, combinadas a fatores biológicos, os impactos de asteroides certamente desempenharam um papel nessa saga em andamento”.

Mais pesquisas também são necessárias para descobrir como o ritmo dos impactos de asteroides mudou nos últimos 290 milhões de anos.

Então as pessoas deveriam estar preocupadas? “Nem um pouco”, disse Gernon, observando que os impactos de asteroides são eventos aleatórios.

Além disso, a agência espacial americana (Nasa) rastreia continuamente objetos potencialmente perigosos – conhecidos como Objetos Próximos da Terra (NEOs, na sigla em inglês) com mais de 30 a 50 metros de largura, acrescentou.

Os cientistas estão intrigados há muito tempo por impactos de asteroides, e tentaram estudar a taxa de impactos na Terra mas tiveram pouco sucesso, visto que a erosão na Terra faz com que algumas crateras desapareçam.

Mas a Lua é atingida por asteroides quase tão frequentemente quanto a Terra, e compartilha uma “história de bombardeio semelhante”, disse o coautor William Bottke, especialista em asteroides do Southwest Research Institute.

Os cientistas obtiveram uma melhor compreensão dos processos que moldaram a Lua desde que o Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO) da Nasa começou a circular o satélite, uma década atrás.

Os instrumentos do LRO permitiram aos cientistas decifrar as idades de várias crateras e compará-las com o que se sabia sobre os impactos de asteroides na Terra.

“A Lua é como uma cápsula do tempo, ajudando-nos a entender a Terra”, disse Bottke.