Terra em transe

A inda em lento degelo, despertando do inverno, a água dá seus primeiros suspiros ao receber o calor do sol. Sua voz, quase sussurrada, é da atriz Letícia Sabatella, a quem coube materializar a principal fonte da vida na Terra. “Eu amo todos os animais e estou em cada um deles”, explica a água já nas primeiras cenas de “Todas as Manhãs do Mundo”, longa-metragem do cineasta e mergulhador Lawrence Wahba que entra em cartaz nos cinemas na quinta-feira 6. O discurso da água é complementado pelo astro rei, na voz do ator Aílton Graça.

Ao longo do filme, cabe a esses dois protagonistas traduzir em palavras as maravilhas do planeta que as imagens mostram, reforçando o equilíbrio ditado pela alternância das estações do ano. Ao mesmo tempo, os narradores alertam para os riscos que a ação do homem impõe à natureza. A linguagem é bastante didática, o que reforça o caráter educativo da produção. Assim como nos programas que Wahba exibe na televisão, o visual impressiona. “Fiquei 193 dias longe de casa”, diz o diretor, que selecionou alguns pontos estratégicos do planeta como cenários de sua aventura, do Ártico ao Pantanal, sem esquecer a vida marinha, grande paixão do cineasta.