O terno escuro e bem cortado predominou nos primeiros desfiles da Semana da Moda Masculina de Paris, mas com toques especiais, como as pregas na altura do peito da britânica Bianca Saunders e o blazer ultracurto da marca francesa Valette Studio.

– Givenchy e Saint Laurent –

Duas marcas consagradas do “savoir faire” francês, Givenchy e Saint Laurent, apresentaram nesta quarta ternos pretos impecáveis, mas com as proporções um pouco alteradas.

A Givenchy pôs volume nos ombros, com cinturas finas, calças cigarrete e ocasionalmente, bermudas.

Para o outono/inverno 2023, o diretor criativo da Givenchy, o americano Matthew Williams, não se esqueceu de suas origens na streetwear, com moletons por baixo do blazers, ou cores chamativas. Os casacos foram amplos e de corte clássico.

Saint Laurent, em sua volta às passarelas parisienses após seis anos de ausência, apresentou tecidos nobres e macios, como a lã mohair, o cashmere, o cetim e o veludo.

Foram tendências já registradas na Semana da Moda de Milão, que acabou quando começou a parisiense.

“Saint Laurent, Gucci, Givenchy… Funciona, quase melhor com o homem do que com a mulher (…) Estas marcas querem recuperar o mercado formal porque está voltando com força”, disse à AFP Alice Feillard, diretora de compras de roupas masculinas da loja de departamentos parisiense Galeries Lafayette.

– Bianca Saunders, Bluemarble-

A marca jovem francesa Bluemarble apresentou uma coleção “entre o carnaval de Nova Orleans e o de Veneza”.

Seus ternos coloridos brincaram com o arco-íris e as lantejoulas. Os casacos tinham volumes imponentes, com imitações de peles.

“Há mais ternos, o corte representa o savoir-faire europeu, mas revisitado, com o toque despojado” dos jeans de cintura baixa, no estilo americano, explicou o estilista à AFP.

Saunders propôs uma brincadeira sutil a quem assistiu a seu desfile parisiense: um terno aparentemente clássico, mas com o blazer pregueado na altura do peito ou da cintura.

Às vezes, o fecho ficava na altura do ombro, como nas roupas tradicionais dos países asiáticos.

É “uma exploração extensa das possibilidades da ilusão de ótica”, explicou em nota à imprensa.

Um homem é sexy “na forma como combina sua roupa”, disse à imprensa a estilista de origem jamaicana.

– Valette Studio, Walter van Beirendonck –

O francês Pierre-François Valette, do Valette studio, propôs um terno “que tenha o mesmo conforto que a roupa esportiva”, com “cores, detalhes e volumes que surgem inesperadamente”.

“Com a explosão dos preços, usamos muitos tecidos que tínhamos em estoque ou tecidos reciclados”, revelou à AFP.

“Os homens agora desejam ser mais sexy. Meus blazers são muito curtos, acima das nádegas. A princípio, isso causava certa surpresa”, explica o estilista.

Walter van Beirendonck, um estilista holandês que completou no ano passado 40 anos de moda, deu o toque irreverente com um desfile de ternos cortados como exoesqueletos, inflados com o uso de plástico no lugar de materiais nobres.

“Acho que precisamos deste tipo de proteção para o mundo em que vivemos”, explicou à AFP.

Seus modelos desfilaram com capuzes, evocando rituais de sadomasoquismo.

“Eu crio uma roupa que você pode vestir. Provavelmente, é meio louca, divertida e cara, mas é possível vestir”, assegurou.