O julgamento do anglo-americano Paul Whelan, acusado na Rússia de espionagem, será concluído nesta segunda-feira (25), encerrando um processo que azedou as relações com Washington e alimentou especulações de uma troca de prisioneiros.

Paul Whelan, um ex-fuzileiro naval dos Estados Unidos de 50 anos, que também tem cidadania canadense e irlandesa, foi detido em 2018 “ao cometer um ato de espionagem”, segundo os serviços de segurança russos.

Whelan, que desde então está detido, pode ser condenado a uma pena máxima de 20 anos de prisão.

Nesta segunda-feira, os argumentos finais serão ouvidos, e a Promotoria solicitará uma sentença.

Segundo seu irmão, David Whelan, a sentença do julgamento, que começou no final de março, poderá ser proferida em junho.

“Em um sistema justo, o tribunal absolveria Paul por falta de provas. Mas esperamos um veredicto injusto”, enfatizou em um comunicado.

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Sua família “pode apenas esperar” que a sentença se aproxime do mínimo estabelecido pela lei do país, onde a espionagem é passível de sentença entre 10 e 20 anos de prisão, completa a nota.

O advogado de defesa do anglo-americano alega que seu cliente caiu em uma armadilha. Um conhecido teria lhe dado um pendrive que Paul Whelan acreditava conter fotos tiradas durante as férias na Rússia.

Ele denuncia que não está recebendo tratamento adequado para uma hérnia e que sofreu maus tratos na prisão.

Em outubro passado, Paul Whelan disse que “foi algemado, mantido no chão por um guarda, ameaçado com uma pistola por outro guarda, e agredido”.

A Rússia nega essas acusações.

Seu julgamento começou em 23 de março com uma audiência preliminar no tribunal municipal de Moscou, que ordenou a extensão da detenção de Whelan até 13 de setembro.

O julgamento ocorreu a portas fechadas, devido a medidas para impedir a disseminação do novo coronavírus na Rússia. O país se tornou um dos mais afetados do mundo, com o maior número de infectados em maio.

O caso Paul Whelan é uma das fontes de tensão entre Moscou e Washington, cujas relações são marcadas por disputas sobre as guerras na Ucrânia e na Síria e pela manutenção da paridade estratégica entre as duas grandes potências.

“Paul está na prisão sem nenhuma prova de sua culpa”, denunciou em março o embaixador dos EUA em Moscou, John Sullivan, acrescentando que espera um “julgamento transparente e justo (…) porque todas as pessoas, todos os cidadãos de todos os países do mundo merecem”.

O caso de Whelan provocou especulações de que os Estados Unidos e a Rússia poderiam optar por uma troca de prisioneiros que incluísse o piloto russo Konstantin Yaroshenko, preso nos Estados Unidos por acusações de contrabando de drogas.


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