São Paulo, 29 – O diretor da região Brasil do Grupo Tereos, Jacyr Costa Filho, acredita que a reforma tributária é a medida mais urgente que precisará ser tomada pelo novo governo. Nos bastidores da 18ª Conferência Internacional Datagro, o executivo ressaltou que a tributação onera muito as empresas. “Precisamos de 12 pessoas para vender açúcar e mais 30 só para pagar imposto”, exemplifica.

Questionado sobre as expectativas em relação ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), Jacyr lembra que o ex-capitão já sinalizou que apoia o agronegócio e a geração de energias renováveis. “Não acredito que uma eventual saída do Acordo do Clima aconteça. Foi um compromisso de Estado que assumimos e mais beneficia o País do que prejudica”, argumentou.

O Acordo de Paris, ou Acordo do Clima, foi aprovado por 195 países em 2015 e tem como um de seus principais objetivos reduzir a emissão de gases de efeito estufa, para evitar o aquecimento global. Em junho deste ano, os Estados Unidos deixaram o acordo por decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, que havia prometido retirar o país do pacto internacional durante sua campanha presidencial.

Na mesma linha, em meados de setembro, durante a campanha, Bolsonaro cogitou a possibilidade de retirar o Brasil do acordo por acreditar que as premissas de redução nas emissões de carbono afetariam a soberania nacional e o País teria que “pagar um preço caro” para atender às exigências. Às vésperas do segundo turno das eleições, porém, o ex-capitão reviu suas declarações e disse que não retiraria o Brasil do acordo se saísse vitorioso.

No Acordo de Paris, o Brasil comprometeu-se a cortar as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e, possivelmente, em 43% até 2030. Esse movimento favorece os produtores de energias renováveis, como o setor canavieiro, que fabrica o biocombustível, etanol de segunda geração, com bagaço de cana, e ainda pode atuar na cogeração de energia elétrica com base em sua matéria-prima.