SÃO PAULO, 28 ABR (ANSA) – Por Renan Tanandone – A tentativa de criação da Superliga causou um terremoto no futebol europeu, mas o que era para ser o projeto inédito – e controverso – de um torneio fechado para clubes ricos acabou se tornando um desgaste para 12 dos times mais poderosos do continente.   

Em decorrência da enorme repercussão negativa que a “Superliga” causou entre jogadores, clubes, torcedores e políticos, quase todas as equipes fundadoras já abandonaram oficialmente o projeto, principalmente o “big six” da Inglaterra (Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham).   

No entanto, três ainda continuam defendendo a iniciativa – Barcelona, Juventus e Real Madrid -, embora tenham sido forçadas a recuar neste momento.   

“Houve um desgaste muito grande dos que estavam à frente da Superliga. Esse processo todo de criação demonstrou sérias falhas e pareceu um blefe que não conseguiram sustentar. O desgaste que os clubes tiveram, principalmente seus gestores, não parece ter sido um blefe calculado, mas um desfecho inesperado”, diz à ANSA Luiz Antonio Ramos, mestre em gestão do esporte.   

A malfadada tentativa de criação da Superliga provocou a renúncia do vice-presidente do Manchester United, Ed Woodward, enquanto o presidente da Juventus, Andrea Agnelli, principal patrocinador da iniciativa ao lado do mandatário do Real Madrid, Florentino Pérez, teve de deixar o comando da Associação Europeia de Clubes (ECA), agora chefiada pelo CEO do Paris Saint-Germain, Nasser Al-Khelaifi.   

Além disso, o proprietário do Liverpool, John W. Henry, pediu desculpas publicamente aos torcedores e jogadores, assim como o banco americano J.P. Morgan, que financiaria a Superliga Europeia.   

Na Itália, já surgiu o primeiro resultado prático do desgaste dos poderosos Milan, Inter de Milão e Juventus: para evitar episódios semelhantes em um futuro próximo, a Federação Italiana de Futebol (Figc) aprovou uma regra para impedir que clubes do país participem de campeonatos organizados por associações não reconhecidas pela Uefa e pela Fifa, como Superliga.   

Os times que descumprirem a regra serão excluídos dos torneios subordinados à Figc, como a Série A e a Copa da Itália, que são organizadas por uma liga formada pelos próprios clubes. Outras federações ainda discutem eventuais punições às equipes rebeldes.   

“A liga italiana sofreria [sem os times da Superliga], mas tenderia a se recuperar, na medida em que possui uma boa quantidade de times competitivos. A Champions League sofreria mais em um primeiro momento, mas a força das equipes de médio porte da Europa tenderia a fazer da competição algo interessante, meio ‘old school’, mais charmosa e imprevisível”, diz o economista Cesar Grafietti. (ANSA).