A Agência Internacional de Energia (AIE) alertou, nesta segunda-feira (2), que as “tensões geopolíticas” dificultam a luta contra a mudança climática e considerou que uma melhor “cooperação” é essencial para limitar o aquecimento a 1,5°C.

“A meta de 1,5°C ainda está ao alcance”, mas existem “muitos desafios”, advertiu seu diretor, Fatih Birol, durante uma reunião internacional sobre clima e energia organizada em Madri, dois meses antes da COP28.

Entre esses desafios, o “mais importante” é “a fragmentação geopolítica do mundo”, “um obstáculo significativo” para alcançar o objetivo, continuou Birol perante cerca de 40 ministros e altos funcionários dos setores energético e ambiental.

Os investimentos “no âmbito tecnológico e das energias limpas” são “muito fortes”, mas “a falta de cooperação internacional é um problema grave. Temos de encontrar uma forma de isolar estas tensões geopolíticas”, acrescentou.

Os debates durante a COP28 serão “difíceis”, antecipou a ministra espanhola da Transição Ecológica, Teresa Ribera, pedindo mais “multilateralismo” ante os “desafios atuais”.

“Um problema global requer uma resposta global”, acrescentou.

As tensões na comunidade internacional se multiplicaram nos últimos meses, em especial devido à invasão russa da Ucrânia e à crescente rivalidade entre Estados Unidos e China, entre temores de que a questão da mudança climática fique em segundo plano.

A COP28, que será realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai (Emirados Árabes Unidos) sob os auspícios da ONU, deverá permitir que a comunidade internacional avance no caminho da redução dos gases de efeito estufa e da transição energética.

Servirá também para fazer um balanço dos compromissos dos países para cumprir os objetivos do Acordo de Paris, que visa a conter o aquecimento abaixo de 2°C e, se possível, até 1,5°C, em relação à era pré-industrial. Esse limite parece difícil de alcançar, levando-se em consideração as tendências atuais.

Segundo a AIE, para que a conferência do Dubai seja bem-sucedida, deve-se cumprir condições como a triplicação dos investimentos em energias renováveis.

Os meses de “julho e agosto” foram, “talvez, os mais quentes da história, e parece que 2023 será o ano mais quente já registrado”, lembrou Birol, no momento em que as catástrofes climáticas, como ondas de calor, inundações e incêndios, aumentam em todos os continentes.

vab/du/mb/tt/aa