Coisas fantasmagóricas acontecem nas coxias do musical “O fantasma da Ópera” que está em cartaz no Teatro Renault em São Paulo. Áudios obtidos com exclusividade por ISTOÉ confirmam que está havendo um abuso trabalhista contra parte do elenco e equipe do espetáculo, revelam ainda que houve uma denúncia de maus tratos contra o elenco e que por isso a policia teria comparecido ao teatro, além de um incêndio ocorrido durante uma das sessões causado por um curto-circuito.

Os áudios são de duas reuniões que ocorreram entre a diretora da produtora T4F, Renata Alvim e o elenco do espetáculo gravadas em um intervalo de duas semanas.

Renata confirma que houve descontos de salários de dois atores – mesmo sendo entregues atestado médico, mas que o caso já está sendo investigado. Ela ainda afirma que fez um “levantamento geral” e que constatou atrasos até de camareiros da produção. “Já comecei as minhas reuniões para poder entender e rebater as questões todas que muito incomodam vocês”, disse ao elenco.

O elenco afirma que precisa de um tempo maior para descanso e que precisa ser feito um cronograma melhor com todos os revezamentos. Antes, apenas os dançarinos masculinos tinham um revezamento, agora todos os bailarinos e os atores/cantores da peça terão. Uma das bailarinas diz no áudio que só havia revezamento em caso de vida ou morte. Um dos atores reclama que foi tratado de forma diferente por estar doente e sem voz. “É um sentimento ruim. O que parece é que estão duvidando da gente, como se a gente tivesse fazendo corpo mole. Eu não quis ficar assim (doente)”, revela.

Nas últimas semanas, quatro pessoas saíram do espetáculo, sendo que uma delas foi demitida. Leonardo Neiva fazia o alternante do personagem de Fantasma junto com Thiago Arancam – ator principal do papel. No áudio, Renata explica que depois do contrato de Arancam ser renovado até dezembro de 2019 (a princípio, Thiago ficaria apenas até dezembro de 2018) “não tinha sentido” continuar com um alternante. Renata ainda afirma que há rumores dentro do elenco de que Thiago é o queridinho da diretora e que teria pago um valor alto por estar dentro da peça. “O Leo saiu bem chateado, mas ele vai tomar o tempo dele e ele vai entender que é o processo”, afirmou a diretora. Neiva ficaria no espetáculo até o dia 01 de março, mas resolveu sair em meados de fevereiro. Renata ainda confirma que o problema está do lado da produção e que fica triste por saber que o lado pessoal dos atores contribuiu para os desligamentos da equipe.

Em um momento de distração e brincadeiras, um dos atores comenta sobre um principio de incêndio que ocorreu durante uma das sessões. A causa foi um curto-circuito na extensão de um refletor que liga na corrente geral do camarote. Apesar do susto, ninguém se feriu. Os atores ainda comentaram sobre a polícia ter ido até o teatro por conta de uma denúncia de maus-tratos contra um dos atores – houve rumores de que a policia teria ido atrás de um dos atores que supostamente usa drogas. “Que horror, isso é mentira”, contesta um integrante.

A diretora encerra pedindo um tempo para “corrigir” os abusos envolvendo a produção contra os atores e que as coisas tendem a melhorar depois das reuniões que ela tem agendada com os diferentes seguimentos do teatro. Ela deixa o circulo de conversas aberto para o elenco falar com ela a qualquer momento sobre qualquer coisa e promete que uma nova reunião será feita com todos depois que as demais forem realizadas.

Outro lado

Procurados pela reportagem, Renata comentou que não saberia dizer se era legal essa gravação, uma vez que não autorizou ninguém a fazer gravações dela e disse que não comentaria sobre o assunto. “Sobre isso você precisa falar com a assessoria da T4F”. A assessoria da produtora disse que não “vai se pronunciar sobre o assunto”.