HIGIENE Porto de Santos adquiriu cerca de 5 mil litros de álcool em gel para os funcionários (Crédito:Divulgação)

O coronavírus está tirando eficiência do transporte marítimo brasileiro. Responsável por mais de 95% das cargas exportadas e importadas pelo país, o setor não escapou aos contratempos impostos pela pandemia da Covid-19, que está afetando a cadeia de abastecimento de suprimentos no Brasil. A quarentena imposta aos navios no mundo todo faz com que os produtos não cheguem ao País e, com isso, o transporte interno também seja afetado. Uma carga de peças que não chegue da China, por exemplo, acaba não sendo transportada por meio da cabotagem às fábricas de Manaus. Em compensação, esses mesmos navios não trazem arroz do sul para o Porto de Santos, responsável pelo abastecimento do mercado do sudeste. Esse cenário de transtornos e tensão nos portos, tem levado à falta de navios e cargas, de contêineres e restrições à troca de tripulação embarcada. O coronavírus tem sido uma ameaça constante à saúde dos funcionários dos navios de cabotagem.

O desafio das companhias de navegação para manter as estruturas de fornecimento em operação e impedir o desabastecimento da indústria e do comércio é mais grave no transporte da navegação de média distância. No Brasil, cerca de 11% de toda carga transportada ocorre via cabotagem. Segundo fontes do setor, preservar a cadeia de suprimentos se transformou em uma “verdadeira operação de guerra”. Em tempos de Covid-19, as medidas de controle sanitário e limpeza ficaram mais rígidas: medição de febre diária, com afastamento do trabalhador que apresenta sintomas da doença, desinfecção de navios e contâineres, redução nas trocas de tripulações saudáveis.

Meio ambiente e preço

Com atrasos cumulativos nas datas de embarque e desembarque, aumenta o número de contêineres retidos, que estão fora de circulação com ou sem carga, num mercado restrito a apenas três empresas, Aliança (50%), Mercosul Line (26%) e Log In (24%). Assim, uma etapa que seria normalmente cumprida em seis horas, pode levar dez dias num porto brasileiro e mais 40 dias num chinês. Na volta, o navio para mais 10 dias num porto brasileiro.

“Multiplique e veja o caos”, alerta uma fonte. O ritmo lento também gera prejuízos em função do preço do transporte e do impacto ambiental. A cabotagem tem custo menor em relação ao transporte rodoviário e, além disso, a tonelada transportada na cabotagem emite 80% a menos de CO2.