A conta política da falácia do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a real valorização da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal caiu na mesa do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.

Ele aceitou agendar para as 14h desta segunda-feira (18) uma reunião com dirigentes das associações de classes de delegados e policiais federais – inclusive os da Rodoviária Federal – para debater uma solução que evite, a priori, uma paralisação nacional das forças. Fontes da PF dizem que foi o ministro quem pediu a reunião, preocupado com a possibilidade de greve das categorias. A assessoria do MJ informa que, por ora, oficialmente, a reunião não consta na agenda.

Nesta reunião prevista no gabinete de Torres também devem aparecer deputados federais ligados às categorias, para fazer pressão. Desde o anúncio do presidente de que haverá um reajuste salarial linear padrão de 5% para todos os servidores federais, este ano, a PF e PRF se revoltaram com Bolsonaro.

Segundo as entidades- FENAPEF, FENAPrf e ADPF, Bolsonaro chega ao fim do mandato sem cumprir promessas de campanha eleitoral de 2018, como reestruturação da carreira e valorização salarial acima dos índices anunciados .

O que piorou a relação entre Bolsonaro e as entidades de classe da PF foi a promessa dele de público, no fim do ano passado, de um bom reajuste de dois dígitos – mas o presidente recuou diante das críticas de outras categorias de servidores que não seriam atendidas.

A reação veio em cadeia desde quinta-feira à noite. A FENAPEF ( dos policiais federais ), a APCF ( peritos criminais ) e a ADPF ( delegados federais ) soltaram notas oficiais de insatisfação com o cenário. A FENAPEF e a ADPF agendaram para terça-feira (19) assembleias nacionais em formato virtual nas quais podem decidir por indicativo de greve. É isso que preocupa o ministro e o Governo.

Em tempo, os ministros do Palácio do Planalto já contabilizam uma perda de saldo eleitoral para a demagogia do presidente Bolsonaro.