O veto da Hungria a um enorme pacote de ajuda à Ucrânia intensificou as tensões diplomáticas entre Bruxelas e Budapeste nesta segunda-feira (29), apenas três dias antes de uma cúpula extraordinária para discutir este apoio financeiro.

Antes de uma reunião dos ministros dos Assuntos Europeus, vários responsáveis não esconderam sua irritação com a posição do governo húngaro, em meio a rumores de possíveis retaliações.

“Não é por acaso que o país-membro da UE que mais viola os nossos valores comuns (…) é também o país-membro que ainda está fora do consenso da UE sobre a questão da ajuda à Ucrânia”, lamentou a secretária de Estado alemã para Assuntos Europeus, Anna Luhrmann.

Luhrmann pediu “endurecimento” dos instrumentos à disposição da UE para forçar a Hungria a respeitar o Estado de Direito.

Um desses instrumentos é a aplicação do Artigo 7 do Tratado UE, que envolve a suspensão dos direitos de um país do bloco por violação “grave e persistente” da democracia ou do Estado de direito.

A vice-presidente da Comissão Europeia, Vera Jourova, observou que será necessário ver “se os líderes têm paciência suficiente para negociar com [o primeiro-ministro húngaro] Viktor Orban, ou se tomam um novo caminho usando o Artigo 7”.

Uma cúpula europeia realizada em dezembro não conseguiu chegar a um consenso sobre um pacote de ajuda à Ucrânia no valor de cerca de 50 bilhões de euros (54 bilhões de dólares ou 265,7 bilhões de reais na cotação atual), devido ao veto húngaro. Por conta disso, a nova cúpula foi convocada para quinta e sexta-feiras desta semana.

Nesta segunda-feira, um artigo do jornal Financial Times afirmava que a UE havia preparado um documento que pediria aos líderes europeus que privassem a Hungria de todos os fundos que lhe correspondem, caso o veto à ajuda à Ucrânia não seja levantado na cúpula da UE esta semana.

O ministro húngaro dos Assuntos Europeus, Janos Boka, reagiu com indignação em uma mensagem no Facebook, na qual garantiu que “a Hungria não cederá à chantagem!”.

Uma fonte oficial da UE esclareceu nesta segunda-feira que o documento mencionado era apenas uma nota de trabalho sobre a economia húngara elaborada pelo Conselho Europeu.

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