O dólar apresentou recuo em relação a outras divisas consideradas fortes nesta segunda-feira, 25, à medida que a apreensão em torno da possibilidade de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China tomou conta do sentimento dos investidores.

Próximo ao horário de fechamento das bolsas em Nova York, o dólar caía para 109,80 ienes; o euro subia para US$ 1,1707 e a libra avançava para US$ 1,3286. Já o índice DXY, que mede a moeda americana contra uma cesta de outras seis divisas fortes, fechou em queda de 0,25%, para 94,276 pontos.

Na manhã de domingo, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) anunciou o corte de 0,5 ponto porcentual no compulsório bancário, que passará a valer a partir de 5 de julho, um dia antes de uma tarifa de 25% impostas por Washington sobre US$ 50 bilhões em produtos chineses passar a vigorar. O dólar subiu para 6,5240 yuans, representando uma alta de 0,4%. Com isso, a moeda chinesa alcançou o menor nível desde 28 de dezembro. Na semana passada, o yuan já tinha apresentado recuo de 2%. Para o diretor-geral de câmbio do banco de investimentos Jefferies, Brad Bechtel, “se o dólar ultrapassar 4% ou 5% de valorização nos próximos dias, podemos ver uma turbulência mais aguda nos mercados globais”.

Na avaliação da economista Wei Yao, do Société Générale, o corte no compulsório pelo PBoC não será o último desse tipo. “Provavelmente apenas uma redução não será suficiente para conter a tendência de desaceleração no crescimento. Além disso, as tensões comerciais entre os EUA e a China se intensificaram significativamente nos últimos tempos, aumentando as incertezas quanto às perspectivas econômicas”, disse a economias do banco francês.

Sem o anúncio de novas tarifas, investidores continuaram a monitorar as ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, via Twitter. Além disso, fontes da Dow Jones Newswires relataram que o presidente da China, Xi Jinping, em encontro com empresários europeus, afirmou que não irá ceder às políticas americanas e que irá responder à altura do que for imposto unilateralmente pelos EUA. “O aumento das precauções sobre uma guerra comercial provavelmente manterá os investidores cautelosos, o que gerará relativa demanda pelo iene”, escreveu, em nota a clientes, o analista-chefe de mercados da Commonwealth Foreign Exchange, Omar Esiner.

Os agentes também monitoraram a possibilidade de os EUA anunciarem a restrição a investimentos da China ou de outros países como parte da política comercial de Trump. Na meia hora final do pregão em Nova York, no entanto, essa possibilidade foi negada pelo diretor do Conselho de Comércio da Casa Branca, Peter Navarro. Em entrevista à CNBC, ele afirmou que o governo não tem planos para impor restrições a investimentos em solo americano e disse que os mercados estão “exagerando” na reação a essa possibilidade.

O euro, por sua vez, além de se favorecer ante o dólar com as relações comerciais, foi ajudado pela chance de acordo envolvendo a questão imigratória na União Europeia. No domingo, o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, afirmou que se sentiu “decididamente satisfeito” com o resultado de uma reunião sobre imigração entre 16 líderes do bloco.