Medalhista de bronze na Olimpíada de Tóquio, em 2021, a tenista ucraniana Elina Svitolina se encontrou com o presidente do seu país, Volodymyr Zelensky, e fez coro com as autoridades ucranianas em pedir ao Comitê Olímpico Internacional (COI) o veto de atletas russos e belorussos na Olimpíada de Paris-2024.

“Será muito triste e será uma mensagem errada enviada ao mundo se os Jogos Olímpicos mantiverem essa decisão de contar com eles (russos e belorussos) competindo sob bandeira neutra”, disse Svitolina em entrevista à agência de notícias The Associated Press. “Não acho que essa seja a decisão correta.”

A atleta ucraniana, que vem a ser mulher do tenista francês Gael Monfils, teme que a presença de russos nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris, mesmo com bandeira neutra, sirva de propaganda política do país, que está em guerra com a Ucrânia desde o fim de fevereiro do ano passado.

“Você pode ver que, na Rússia, os esportes estão conectados com o governo”, argumentou Svitolina, reforçando a preocupação dos ucranianos com a eventual evidência de atletas russos em Paris.

Nas últimas semanas, esta preocupação aumentou entre as autoridades da Ucrânia. O próprio Zelensky veio a público pedir ao COI para banir russos e belorussos de Paris-2024, num momento em que o comitê discute como serão as regras para a eventual classificação olímpica de atletas destes países.

Em Tóquio, em 2021, os russos puderam competir, mas sob bandeira neutra, na esteira dos escândalos de doping envolvendo esportistas do país em diversas modalidades nos últimos anos. Agora, a restrição seria uma retaliação pela invasão da Ucrânia, no ano passado. E o COI cogita novamente liberar os atletas, porém sem a exibição da bandeira russa e sem o hino, em caso de medalha de ouro.

Na semana passada, o Comitê Olímpico da Ucrânia se reuniu e colocou como opção o boicote do país aos Jogos Olímpicos. Outros países, como Estônia, Letônia, Lituânia e algumas nações nórdicas, indicaram que podem seguir pelo mesmo caminho, se o COI liberar atletas russos e belorussos em Paris-2024.

“O boicote seria uma das opções devido, obviamente, ao que o Exército russo está fazendo ao povo ucraniano, na Ucrânia. É algo horrível para nós. Eu não consigo imaginar ir para a Olimpíada como se nada tivesse acontecendo na Ucrânia”, criticou Svitolina, que voltou a visitar o seu país pela primeira vez desde o início da guerra.

A tenista, que se tornou mãe recentemente, teve uma reunião com Zelensky e outras autoridades e recebeu um prêmio, assinado pelo presidente, por apoiar o seu país durante a guerra.

“Nossos homens e mulheres estão na linha de frente agora, lutando contra soldados russos e morrendo por nosso país e por nossa liberdade. E estou muito firme em minha decisão de que o boicote é o caminho certo a seguir”, disse Svitolina, que não terá a chance de defender o bronze de Tóquio em Paris, no ano que vem, se o boicote se concretizar.