Após ter passado 30 dias na cadeia, acusado sem provas de ter roubado dois empresários e de tentar extorqui-los, Eduardo de Assis Fernandes, de 44 anos, relata que ter saído da prisão não o livrou dos sentimentos ruins. As informações são do UOL.

“Não consigo dormir à noite. Tenho pesadelos e acordo assustado, com medo do que pode acontecer a partir de agora”, diz Fernandes.

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Ele foi preso em outubro, em Queimados, no Rio de Janeiro, após ter sido identificado pelas vítimas por meio de uma foto de 2016, extraída do perfil dele no Facebook.

Na época, a própria polícia admitiu que não havia provas contra ele, apesar de ter pedido sua prisão temporária, que foi autorizada pela Justiça, para que Fernandes não atrapalhasse as investigações.

O juiz Luiz Gustavo Vasques, da Comarca de Queimados, atendeu o pedido da Polícia Civil e emitiu decisão. “Conclui-se que ainda há muitos passos a serem dados ao longo da investigação, sendo essencial a segregação do suspeito para a livre e desembaraçada colheita de provas”, diz Vasques.

Fernandes foi solto por falta de provas no dia 22 de novembro, e ficou apreensivo se ainda teria o emprego, mas os colegas de trabalho o receberam bem.

“No país em que vivemos, alguém preso automaticamente é visto como bandido. Mas me deram boas-vindas e me abraçaram. Estou trabalhando em dois lugares e estou muito feliz que o ocorrido não me prejudicou profissionalmente”, diz.

Preso na frente dos filhos enquanto cozinhava para eles, Fernandes conta que o tempo em que permaneceu na cadeia trouxe de volta um trauma familiar. Abandonado pelo pai ainda muito novo, ele jurou que jamais faria o mesmo com a própria família, mas sentiu que sua prisão o forçou a isso.

“Eu os deixei obrigatoriamente e sofri muito durante todo o tempo em que estive preso. Senti saudade, desespero e tristeza”, diz Fernandes, que sentiu medo da família o abandoná-lo nesse período, mas aconteceu justamente o oposto. “Fiquei muito feliz e pedi perdão por algo que não tinha feito”, conta.