Mike Krumholz, de 21 anos, perdeu a visão após dormir usando lentes de contato e, agora, usa as redes sociais para alertar outras pessoas, além de pedir ajuda financeira.

'Tenho gritado de dor': Jovem perde a visão por parasita e especialistas explicam riscos da lente de contato

Segundo relato do jovem, que vive na Flórida, nos Estados Unidos, na manhã seguinte, ele acordou, foi jogar beisebol e teve que tirar as lentes imediatamente.

“Eu disse aos meus pais: Tenho que ir ao oftalmologista, algo não está certo'”, recordou, sobre o ocorrido, em dezembro de 2022.

“Eu não poderia explicar uma dor como essa na minha vida. É como um choque constante, é uma dor constante. Tenho gritado de dor”, relatou, ao “Daily Star”.

A reportagem cita que o jovem teve um caso de ceratite por acanthamoeba, um protozoário que vive livre na água e costuma contaminar as lentes de contato e, consequentemente, os olhos.

“No meu quarto, mantenho as persianas fechadas e todas as luzes apagadas. É muito estranho não poder ver as pessoas. Você não quer que as pessoas se sintam mal por você, mas ao mesmo tempo você quer viver como um jovem de 21 anos que está na faculdade”, lamentou.

Segundo a oftalmologista Priscilla Almeida, a córnea retira o oxigênio do ar para se manter saudável. “Quando dormimos, naturalmente, a oxigenação da córnea diminui por estarmos com as pálpebras fechadas, reduzindo ainda mais na presença de lentes. Além disso, a manipulação, higiene, descarte e uso incorreto das lentes, as tornam ‘veículos’ que levam micro-organismos aos olhos, causando ceratite (inflamações) e infecções na córnea”, explica.

“No caso dele, provavelmente, houve uma série de erros no uso das lentes, como tomar banho, entrar em piscina ou mar e dormir com as lentes”, acrescenta.

A princípio, de acordo com ela, o paciente que apresente olho normal, sem outras doenças associadas, pode ficar o dia todo com as lentes, retirando-as sempre que for dormir (mesmo que poucos minutos), tomar banho, entrar em piscina ou mar.

Além disso é fundamental seguir os cuidados com a higiene das mãos ao manipular as lentes, lavando-as sempre com o produto recomendado pelo fabricante das lentes e médico oftalmologista.

“Também é preciso estar atento à validade do produto e fazer o descarte e troca das lentes dentro do tempo correto”, complementa a diretora médica e sócia-fundadora da Olhar Certo e sócia-fundadora do Mira Hospital Oftalmológico.

A oftalmologista Helena Oliveira, do H.Olhos, da rede Vision One, acrescenta que já existem  tratamentos mais avançados com lentes, para pacientes míopes, em que é permitido dormir com a lente de contato. “Mas é uma lente específica, chamada de ortoceratologia. Nesse tratamento, o paciente só usa a lente à noite para correção do grau”, conta.

Helena observa a importância do tempo de descarte da lente, que pode ser diário, a cada 15 ou 30 dias, ou até de 1 ano.

“Nós não orientamos ir muito além do que 8 a 10 horas por dia, e sempre que possível, alternar com o uso de óculos. A grande maioria das complicações de lente de contato vem dos maus hábitos de quem usa”, finaliza Helena.